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Assim que foi encerrado o pleito de 2022, que foram contabilizados os votos e confirmada a vitória do presidente Lula, deu-se início em todo o país à movimentação política para emplacar nomes de aliados, sobretudo aqueles que não obtiveram o mesmo êxito nas urnas, na gestão federal.
E na Paraíba não foi diferente. A corrida para encontrar o pote de ouro do fim do arco-íris, que chega em forma de nomeação no Diário Oficial da União, foi enorme, mas qual foi a frustração de alguns ao ver que no alto escalão nenhum nome paraibano foi coroado.
Os dois que estavam de olho em uma vaga, foram justamente candidatos da esquerda derrotados para o Senado: Pollyanna Dutra (PSB) e Ricardo Coutinho (PT).
Pollyanna é ex-prefeita de Pombal e ex-deputada estadual e para concorrer ao Senado abdicou da campanha de reeleição para a Assembleia Legislativa da Paraíba, porém sem êxito.
Ricardo Coutinho é ex-prefeito de João Pessoa, capital da Paraíba e ex-governador do estado. Mesmo inelegível, teve candidatura registrada pelo PT.
Mas porque, mesmo contando com a parceria do presidente eleito Lula, os dois esquerdistas paraibanos não conquistaram uma vaga na gestão federal?
A resposta é simples: os dois estão sujos e enrolados.
Em uma rápida busca pelo nome de Pollyanna Dutra, já dá pra perceber o tamanho do ‘rolo’ em que a política sertaneja está metido.
São Ações Civis por Improbidade Administrativa, acusações de contratação ilegal de pessoal, de irregularidades em obra do esgotamento sanitário na cidade de Pombal, além de bens bloqueados e condenações por prejuízo aos cofres públicos da cidade sertaneja por conta de convênios mal sucedidos e inconsistências nas prestações de contas da gestão, enquanto era prefeita.
Nas eleições de 2022, quando concorreu ao Senado, Pollyanna teve contas rejeitadas e os problemas com a lei eleitoral quase a tiraram da disputa.
Porém essa não foi a primeira vez em que ela só conseguiu disputar ou permanecer no cargo ‘por um fio’. Em 2013, pesou contra a política paraibana decisão do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) que suspendeu o ato de diplomação da então gestora já que ela tinha sido considerada inelegível pelo TSE no ano anterior.
Já quando disputou a uma vaga na Assembleia Legislativa da Paraíba, Pollyanna teve sua candidatura impugnada por ter recebido condenação em segunda instância, no Tribunal de Justiça da Paraíba, o que enquadrou na Lei da Ficha Limpa.
Dentre as irregularidades apontadas constavam: ultrapassar o limite de gasto com pessoal estabelecido na Lei de Responsabilidade Fiscal, despesas não licitadas, falta de recolhimento de contribuições previdenciárias ao INSS, transporte irregular de estudantes, e excesso de gastos com combustíveis.
Já o ‘rolo’ com relação a obras de saneamento básico no município de Pombal são um verdadeiro ‘calcanhar de Aquiles’ para a política paraibana. Um relatório da Controladoria Geral da União (CGU) aponta um superfaturamento de aproximadamente R$ 4 milhões nas obras que custaram cerca de R$ 16 milhões e que de tão mal executadas resultaram em cerca de 50 ações contra a prefeitura, na época. A apuração apontava um suposto conluio entre a gestão e a construtora.
Embora tão enrolada, a ex-deputada estadual sempre conseguia nos 45 do 2º tempo uma forma de disputar ou se manter no cargo. Com isso conseguiu ser prefeita de Pombal por dois mandatos e deputada estadual por uma legislatura.
Já contra o ex-governador Ricardo Coutinho, que também era nome cotado para assumir um cargo no governo Lula, também pesam processos, acusações e condenações que fariam com que uma possível nomeação gerasse um problema e tanto para a gestão federal.
Nas eleições de 2022, quando concorria ao Senado, Ricardo ficou impedido até de receber verbas do partido e seus votos foram contabilizados ‘sub judice’.
É que contra ele há todo o peso da Operação Calvário, no âmbito de qual o ex-gestor paraibano já foi preso, teve bens bloqueados, teve que usar tornozeleira eletrônica, entre outras situações que virariam fácil munição nas mãos dos adversários de Lula. É pólvora pura.
A referida operação desbaratou o maior esquema de corrupção do estado da Paraíba, com desvios previstos em mais de R$154 milhões do Estado.
Agora está mais do que entendido porque os dois paraibanos estão ‘bichados’ em Brasília.