Foto: Rebecca Maria / Agência O Globo
Golpes teriam ocorrido após ataque hacker. Banco tem 15 dias para se manifestar
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) pediu explicações ao Nubank após clientes serem vítimas de fraude dentro do aplicativo do banco. A entidade teve acesso a relatos de consumidores que tiveram contas invadidas num ataque hacker e transações fraudadas por criminosos, com prejuízos que chegam a R$ 150 mil.
Em nota divulgada nesta segunda-feira (dia 10), o Idec afirma que consumidores relataram em redes sociais, plataformas de reclamação e no site consumidor.gov.br sobre a falta de segurança na plataforma do banco. Segundo o instituto, os clientes afirmaram ter tido empréstimos feitos em seus nomes, além de transferências de quantias elevadas para outras contas. “que tiveram a conta
Um dos casos destacados pelo Idec foi o relato do filho de um cliente que teve R$ 150 mil desviados em apenas quatro minutos:
“Os criminosos conseguiram fazer quatro PIXs que totalizaram R$ 150 mil. Sim, em apenas quatro minutos zeraram a conta do meu pai. Ele nunca tinha feito retiradas superiores a R$ 250,00 nessa conta. Mas o sistema antifraude do Nubank não foi capaz de identificar que havia algo de errado com essas operações”, contou.
A principal crítica das vítimas é que o banco não possui ou não utiliza um sistema que bloqueie transações que fogem do padrão da conta.
No início do mês, o banco alertou os clientes através de um e-mail, em que chama a fraude de “golpe do acesso remoto”. Segundo o comunicado, os fraudadores conseguem realizar transferências bancárias após o consumidor fazer o download de aplicativos piratas, que permitem o acesso remoto de terceiros ao celular da vítima.
Segundo o Idec, o Nubank também informou que não se trata de falha de segurança do banco e recomendou que seus clientes baixassem a versão recém atualizada do aplicativo Nubank, capaz de prevenir o problema.
Em documento enviado na última quinta-feira (dia 6), o Instituto questionou como o banco garante a segurança dos consumidores. A entidade também pediu que a instituição financeira informe por que não foram adotadas medidas preventivas com antecedência e de que forma está lidando com as vítimas. Após o recebimento da notificação, o Nubank tem 15 dias corridos para enviar as respostas.
O Instituto defende que o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e decisões de tribunais superiores mostram que é fundamental que o banco garanta a seus clientes a segurança de suas contas bancárias, coibindo golpes e fraudes e, quando não for possível, que assuma a responsabilidade e repare os danos causados.
– O artigo 14 do CDC obriga o fornecedor a responder pela reparação dos danos causados às pessoas consumidoras pelos defeitos decorrentes da prestação de seus serviços. Desta maneira, é responsabilidade do banco garantir a qualidade e segurança do serviço oferecido, arcando com eventuais prejuízos – defende o advogado do Programa de Serviços Financeiros do Idec, Fábio Machado Pasin.
Procurado, o Nubank informou que coopera com as autoridades responsáveis pelo cuidado com o consumidor e que mantém equipes especializadas e canais 24 horas para o atendimento às vítimas.
“Reafirmamos o nosso compromisso com a proteção dos nossos mais de 70 milhões de clientes, mantendo uma vigilância constante sobre a utilização dos nossos serviços, incluindo o desenvolvimento de ferramentas de proteção para ajudar os usuários na prevenção e inibição de golpes. Com relação a esses crimes, o Nubank mantém equipes especializadas e canais abertos 24 horas para o atendimento às vítimas. Em caso de suspeita de movimentação indevida por terceiros, os clientes devem seguir o passo a passo disponível no SOS Nu, hub de segurança da companhia”, afirmou o banco em nota.
Jornal Extra