Foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo.
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) rebateu em entrevista publicada na sexta-feira (7.abr.2023) uma declaração do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) sobre o governo ter feito um suposto “pacto com o diabo” ao apresentar a proposta de novo marco fiscal.
Ao jornal Folha de S.Paulo, o ex-prefeito paulista disse não ser possível “agradar 100% das pessoas” e pediu um “núcleo hegemônico” no governo para “recolocar o Brasil numa trilha de desenvolvimento sustentável”.
“Manifestações críticas e elogiosas vão acontecer em qualquer agremiação. Agora quem fala pelo Partido dos Trabalhadores é a sua Executiva, com todo respeito a vozes internas. Nada obsta a um deputado em exercício de seu mandato apresentar o seu projeto”, declarou Haddad –que trava um embate com uma ala mais à esquerda do PT.
Em entrevista publicada em 5 de abril, Lindbergh Farias havia insinuado que a equipe do ministro da Fazenda estaria subestimando a “gravidade do cenário econômico”. Comparou a apresentação do novo marco fiscal de Haddad com o “Grande Sertão: Veredas [livro de Guimarães Rosa]“: “Riobaldo tenta vender a alma ao diabo e o diabo nem responde. É mais ou menos o que está acontecendo com o arcabouço”.
Segundo o deputado, a declaração foi direcionada ao mercado –na figura representada, segundo ele, por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. “A gente apresentou o arcabouço e eles nem se moveram. Mantiveram a projeção de juros”, disse à época.
“Veja a última ata do Copom. Esses caras estão endurecendo muito. Uma tese que é clássica na esquerda é a seguinte: no momento que a economia está crescendo, você faz superavit. No momento que a economia desacelera, o investimento tem um multiplicador muito grande”, completou o deputado.
Lindbergh mantém um relacionamento discreto com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR).
Haddad, na entrevista de sexta-feira (7.abr), depois das declarações de Lindbergh, disse: “Não fiz pacto nem com A nem com B. O que eu fiz foi fechar uma equipe técnica de altíssima qualidade, definir um desenho, levar esse desenho para pessoas tão diferentes quanto Esther Dweck [Gestão] e Simone Tebet [Planejamento], que pensam muito diferente, e falar com Ministério do Desenvolvimento, Casa Civil, presidente da República”.
O ministro diz ter conversado com economistas e, depois, recebido o aval diretamente de Lula para apresentação do novo marco fiscal.
Créditos: Poder 360.