A retirada de suplementos irregulares do mercado brasileiro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem chamado atenção de consumidores que buscam soluções rápidas para dor, disposição física e bem-estar. A decisão recente envolvendo o produto Milagroso em Cápsulas Jes e o Suplemento Creatina Monoidratada em gel reforça a importância da regulação sanitária, da leitura atenta de rótulos e do entendimento sobre o real papel dos suplementos alimentares no país.
Qual foi o motivo da decisão da Anvisa?
A proibição de determinados suplementos pela Anvisa, como o Milagroso em Cápsulas Jes, tem como foco a proteção da saúde pública. O produto era divulgado com promessas de alívio de dores, regeneração de cartilagens, fortalecimento do sistema imunológico e ação antioxidante, alegações terapêuticas que só são permitidas a medicamentos registrados.
Além do discurso comercial inadequado, a fórmula também foi alvo de atenção. O suplemento combinava gengibre, salsaparrilha, sucupira, mururê, macacá e quebra-pedra, ingredientes que não constam na lista autorizada para suplementos alimentares. Sem avaliação formal de segurança, enquadramento correto e registro adequado, a Anvisa determina a suspensão da fabricação, distribuição, propaganda e venda, bem como o recolhimento dos lotes.
Como funciona a fiscalização da Anvisa sobre suplementos alimentares?
A atuação da Anvisa em suplementos alimentares segue normas que definem quais substâncias podem ser usadas, em que quantidades e de que forma podem ser divulgadas. Antes de chegar às prateleiras, o fabricante deve observar listas positivas de ingredientes, limites de uso, padrões de rotulagem e regras específicas para alegações nutricionais.
Quando há descumprimento das exigências, o órgão pode cancelar notificações, suspender cadastros e exigir recolhimentos, como no caso do Suplemento Creatina Monoidratada em gel. A fiscalização ocorre por ações rotineiras, denúncias, monitoramento de propaganda e integração com vigilâncias sanitárias locais, seguindo critérios como:
- Notificação ou registro: o produto precisa constar nas bases oficiais.
- Rótulo adequado: sem promessas de cura ou tratamento de doenças.
- Composição autorizada: apenas ingredientes permitidos para suplementos.
- Boas práticas de fabricação: controle de qualidade, higiene e rastreabilidade.
Quais riscos os suplementos irregulares podem trazer à saúde?
Os riscos dos suplementos proibidos pela Anvisa vão além da falta de comprovação de benefícios. A ausência de controle adequado gera incerteza sobre dosagens, combinações de substâncias, possíveis contaminantes e interações com medicamentos, o que pode causar sobrecarga de órgãos como fígado e rins e efeitos adversos inesperados.
Em caso de uso prévio de suplementos interditados, a orientação geral é interromper imediatamente o consumo e buscar avaliação de um profissional de saúde se surgirem sintomas como náuseas, dores, alterações de pressão arterial, reações de pele ou mal-estar. A agência também recomenda o descarte apropriado dos produtos e que não sejam repassados a terceiros, mesmo dentro do prazo de validade.
- Parar o uso assim que tomar conhecimento da proibição.
- Observar eventuais sinais ou sintomas diferentes do habitual.
- Procurar atendimento médico em caso de qualquer alteração suspeita.
- Descartar o produto de forma segura, evitando o compartilhamento.
Como identificar suplementos seguros e evitar promessas milagrosas?
Alguns cuidados simples ao analisar um suplemento alimentar ajudam a reduzir o risco de contato com itens irregulares. Produtos que prometem “cura”, “fim das dores em poucos dias” ou “regeneração completa de cartilagens” usam linguagem típica de medicamentos, o que não é permitido para suplementos, que devem se restringir à complementação de nutrientes.
Para uma escolha mais segura, é importante observar a origem do produto e a forma de oferta, desconfiando de propagandas exageradas ou canais de venda pouco transparentes. Profissionais de saúde destacam orientações práticas que podem auxiliar nessa avaliação crítica:
- Verificar se há informação clara sobre o fabricante, CNPJ e contato.
- Conferir se o rótulo traz referência à Anvisa ou à vigilância sanitária, conforme a categoria.
- Desconfiar de expressões como “milagroso”, “cura garantida” ou “resultado em 7 dias”.
- Evitar compras em canais sem identificação, como links de mensagens e perfis anônimos em redes sociais.
- Consultar profissionais de saúde antes de iniciar o uso prolongado de qualquer suplemento.
Com o aumento do interesse por desempenho físico, longevidade e bem-estar em 2025, a tendência é que o mercado de suplementos alimentares siga em expansão. Nesse cenário, a atuação da Anvisa aliada ao comportamento crítico do consumidor é essencial para reduzir riscos e garantir um uso mais responsável, distante de promessas de milagres e alinhado às normas de proteção à saúde.
