Internado em Brasília há uma semana, o ex-presidente Jair Bolsonaro deve passar por uma endoscopia digestiva alta nesta quarta-feira (31/12) para investigar um quadro de refluxo gastroesofágico. O exame ocorre após procedimentos motivados por crises de soluços persistentes, que exigem bloqueios anestésicos do nervo frênico, suporte respiratório e atenção jurídica sobre possível pedido de prisão domiciliar ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Qual o motivo da endoscopia de Bolsonaro?
A endoscopia digestiva alta foi indicada para investigar se o refluxo gastroesofágico está associado às crises de soluços que atingem Bolsonaro desde o pós-operatório. O exame permite visualizar esôfago, estômago e duodeno, identificando inflamações, úlceras, hérnia de hiato, esofagite por refluxo e outras alterações.
Segundo o boletim mais recente, o ex-presidente teve novos episódios de soluços, o que motivou a complementação do bloqueio anestésico dos nervos frênicos bilaterais. A medida reduz os movimentos do diafragma para tentar interromper o mecanismo do soluço, em conjunto com ajustes na alimentação, medicações e cuidados pós-operatórios.
Como está a internação e o pós-operatório no Hospital DF Star?
Bolsonaro está internado no Hospital DF Star desde 24 de dezembro e passou por cirurgia para correção de hérnia inguinal bilateral na manhã de Natal (25). O quadro pós-operatório exige acompanhamento intensivo, com foco em dor, mobilidade, função respiratória e prevenção de infecções.
Segundo a equipe médica, o tratamento inclui bloqueios dos nervos frênicos, fisioterapia respiratória e uso de aparelho de pressão positiva (CPAP) durante a noite. A previsão de alta é para 1º de janeiro, caso não ocorram intercorrências e o controle dos soluços e do refluxo se mantenha estável.
O que são soluços persistentes e por que o caso é considerado raro?
A equipe responsável classifica o quadro como soluços persistentes ou intratáveis, condição rara e diferente dos episódios comuns que duram poucos minutos. Nesses casos, as crises podem se estender por dias ou semanas, prejudicando sono, alimentação, hidratação e recuperação cirúrgica.
Esse tipo de soluço pode estar ligado a cirurgias abdominais, doenças gastrointestinais, alterações metabólicas ou irritação de estruturas nervosas como o nervo frênico. Em Bolsonaro, foram feitos bloqueios anestésicos sucessivos do nervo, com o objetivo de interromper o arco reflexo que gera o soluço e reduzir o desconforto.
Como o refluxo gastroesofágico interfere no quadro de soluços?
O refluxo gastroesofágico ocorre quando o conteúdo ácido do estômago retorna ao esôfago, causando queimação, dor torácica, tosse e, às vezes, irritação próxima ao diafragma. Em situações específicas, essa irritação pode contribuir para soluços prolongados, motivo pelo qual a equipe busca verificar se há relação direta com o caso de Bolsonaro.
Dependendo do resultado da endoscopia, podem ser recomendadas medidas adicionais para proteção do esôfago e controle do ácido gástrico. Entre as principais intervenções consideradas pela equipe médica estão:
- Reforço de medicamentos que reduzem a acidez gástrica e protegem a mucosa;
- Mudanças na rotina alimentar, com refeições menores, mais leves e fracionadas;
- Ajustes na posição ao dormir, elevando a cabeceira para diminuir o refluxo;
- Avaliação de possíveis lesões no esôfago ou estômago e revisão das medicações em uso.
Se a evolução clínica se mantiver favorável e a endoscopia não apontar complicações graves, os médicos estimam alta em 1º de janeiro. A decisão considerará o controle dos soluços intratáveis, a resposta ao tratamento do refluxo e a estabilidade geral do pós-operatório da hérnia inguinal.
FAQ sobre saúde de Bolsonaro
- A endoscopia é um exame de risco no pós-operatório recente? Não. Em geral, a endoscopia digestiva alta é considerada segura, mesmo após cirurgia recente, desde que o paciente esteja estável e o exame seja cuidadosamente indicado e monitorado.
- Soluços persistentes podem atrasar a recuperação cirúrgica? Sim. Crises prolongadas podem prejudicar o sono, a alimentação, a respiração adequada e aumentar o desconforto, o que pode impactar negativamente o processo de recuperação.
- Caso o refluxo não seja a causa dos soluços, o que pode mudar no tratamento? A equipe médica pode ampliar a investigação para outras causas neurológicas, metabólicas ou medicamentosas e ajustar a estratégia terapêutica, mantendo foco no controle do nervo frênico e no alívio dos sintomas.