Uma hora de corrida marca um ponto de virada para o organismo. Até esse momento, muitos corredores recreativos ainda conseguem manter sensação de controle sobre o esforço, mas, após os 60 minutos, o corpo passa a operar em outro patamar de exigência energética, cardiovascular e térmica, o que exige atenção redobrada para evitar problemas e planejar melhor os treinos.
O que acontece com o corpo após 1 hora de corrida?
Na primeira fase da corrida, o organismo utiliza principalmente o glicogênio muscular e hepático como fonte rápida de combustível, mas, após cerca de 60 minutos, essas reservas começam a se esgotar de forma mais intensa, sobretudo em treinos contínuos e em ritmo moderado a forte.
Com menos glicogênio disponível, o corpo passa a depender mais da gordura como fonte energética, um processo mais lento. Essa mudança está diretamente ligada ao cansaço crescente, à queda natural do ritmo e à piora da coordenação, podendo levar à famosa “quebrada”, quando o corredor sente que não consegue sustentar o mesmo desempenho.
Como musculatura, coração e temperatura do corpo reagem?
O impacto muscular de correr por mais de uma hora vai além da sensação de pernas pesadas. A repetição de movimentos provoca microlesões nas fibras musculares, esperadas em treinos de resistência, mas que podem ser mais intensas em quem não tem base sólida, aumentando o risco de dor intensa, rigidez e lesões mais sérias.
No sistema cardiovascular, o coração trabalha acelerado por mais tempo para levar oxigênio aos músculos ativos. Em ambientes quentes ou úmidos, o organismo desvia mais sangue para a pele, aumenta a transpiração e amplia a perda de líquidos e eletrólitos, o que favorece desidratação, câimbras, dor de cabeça e, em casos mais graves, sinais de exaustão pelo calor, como náuseas, tonturas e calafrios.
Quando a fadiga passa a ser um sinal de alerta importante?
Sentir cansaço após uma hora de corrida é esperado, mas alguns sinais indicam que o limite seguro foi ultrapassado. Tontura, sensação de desmaio iminente, visão turva, confusão mental, perda de coordenação, calafrios e câimbras recorrentes exigem redução imediata do esforço, pois aumentam o risco de quedas, desmaios e lesões musculares.
Outra situação de risco é a queda brusca de desempenho, quando o corredor perde intensidade de forma repentina, mesmo tentando acelerar. Esse quadro geralmente indica esgotamento energético e desidratação importante, exigindo interromper o treino, buscar sombra, hidratar-se e, se necessário, procurar atendimento médico para evitar complicações.
Como correr mais de 60 minutos com segurança e eficiência?
Para prolongar o tempo de corrida com segurança, a adaptação deve ser gradual, com aumento progressivo da duração e intensidade. Manter um ritmo controlado desde o início, respeitar a frequência de treinos e incluir dias de descanso e fortalecimento muscular ajuda a proteger músculos, tendões, coração e sistema nervoso.
Algumas estratégias práticas são especialmente úteis em treinos longos, ajudando a preservar energia, estabilidade cardiovascular e conforto térmico ao longo do percurso:
- Hidratação fracionada: beber pequenas quantidades de líquido em intervalos regulares, em vez de grandes volumes de uma só vez.
- Reposição de carboidratos: em treinos acima de 60 minutos, gel, bebidas esportivas ou alimentos ricos em carboidratos ajudam a manter o nível de energia.
- Atenção ao clima: reduzir o ritmo em dias muito quentes, buscar horários mais frescos e usar roupas leves favorece o controle térmico.
- Escuta dos sinais do corpo: ajustar o treino diante de dor anormal, tontura, náusea ou mal-estar é uma forma essencial de prevenção.
Correr por uma hora aumenta o gasto calórico diário, o que pode contribuir para a perda de peso, mas alimentação, sono e rotina geral de atividade física influenciam tanto quanto o tempo de corrida. Após cerca de uma hora, o corpo passa a usar mais gordura como fonte de energia, mas a perda de gordura depende sobretudo do balanço calórico ao longo do dia.
FAQ sobre uma hora de corrida
- É necessário comer antes de correr mais de 60 minutos? Depende do horário e da intensidade do treino. Em geral, uma refeição leve com carboidratos antes da corrida ajuda a preservar energia e reduzir o risco de queda brusca de desempenho.
- Com que frequência é seguro fazer corridas acima de uma hora? Para a maioria dos corredores recreativos, uma sessão longa por semana é suficiente. Fazer esse tipo de treino com muita frequência aumenta o risco de fadiga acumulada e lesões.
- Correr mais de uma hora prejudica o sistema imunológico? Treinos longos e muito intensos, sem recuperação adequada, podem reduzir temporariamente a imunidade. Sono, alimentação adequada e dias de descanso ajudam a minimizar esse efeito.