foto: EVARISTO SÁ/AFP
O porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, respondeu uma fala do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, em encontro com jornalistas na quinta-feira (7/4), sugeriu que o país do leste europeu desistisse da Crimeia, em troca do fim da guerra contra a Rússia.
Segundo Nikolenko, os esforços para restaurar a paz serão baseados no respeito pela soberania total do território ucraniano, de acordo com os princípios da Carta das Nações Unidas.
Lula tem evitado tomar lado no conflito entre a Rússia e a Ucrânia, mas defendeu que o presidente Vladimir Putin retire as tropas dos territórios ocupados desde o início da guerra, em 2022. Esses locais, no entanto, não incluem a península da Crimeia, anexada pelos russos ainda em 2014.
“Putin não pode ficar com o terreno da Ucrânia. Talvez nem se discuta a Crimeia, mas o que ele invadiu (em 2022) vai ter que repensar. O Zelensky (presidente ucraniano) não pode querer também tudo o que ele pensa que vai querer. Tudo isso é assunto que tem que ser colocado na mesa”, disse Lula, que ainda criticou a “entrada imediata” de países europeus e dos Estados Unidos no conflito.
Cabe lembrar que a Ucrânia ainda não faz parte da aliança militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), mas é considerada um “país parceiro” pelo bloco, que inclui os Estados Unidos e outras potências europeias. Lula acredita que esses países deveriam ter gastado mais tempo tentando negociar a paz.
“O Brasil defende a integridade territorial de cada nação. Nós não concordamos com a invasão da Rússia na Ucrânia. Agora, nós achamos que o mundo desenvolvido, sobretudo a União Europeia e os Estados Unidos, não poderia ter aceitado entrar na guerra da forma como entraram, com rapidez, sem antes gastar muito tempo tentando negociar. E negociar a paz é muito complicado”, destacou o presidente brasileiro.
Nikolenko disse que não há razão que justifique o abandono da Crimeia, mas agradeceu os esforços de Lula para encontrar uma maneira de deter as agressões russas. “A Ucrânia aprecia os esforços do presidente do Brasil em encontrar uma solução para o fim da agressão russa. Ao mesmo tempo, deixamos claro que não trocamos nosso território. Não há razão legal, política ou moral que justifique o abandono e um único centímetro do território ucraniano”, afirmou o porta-voz ucraniano.
Estado de Minas