Nascido em 1963, no Rio de Janeiro, Fábio de Mello construiu uma trajetória marcada pela experimentação no carnaval carioca. Seu nome foi associado à renovação artística das escolas de samba, especialmente nas comissões de frente. Sua morte, em janeiro de 2025, aos 61 anos, foi registrada como um momento de luto para o meio carnavalesco.
Quem foi Fábio de Mello no carnaval carioca?
Fábio de Mello é citado por especialistas como um dos coreógrafos que ajudaram a redefinir o papel da dança nos desfiles. Seu trabalho partia de uma base tradicional, ligada às raízes do samba, mas dialogava com linguagens contemporâneas do teatro, da performance e da dança contemporânea.
Essa combinação fez com que a comissão de frente deixasse de ser apenas uma saudação à avenida. Em suas criações, ela passava a introduzir de forma mais clara o enredo da escola, aproximando-se de um prólogo cênico que preparava o público para a narrativa visual apresentada na Marquês de Sapucaí.
Como foi o processo criativo do artista?
O olhar mais amplo de Fábio sobre a função da dança o levou a participar ativamente do planejamento artístico de alguns desfiles. Em vez de atuar isoladamente, aproximava-se de carnavalescos, figurinistas e equipes de cenografia para alinhar a narrativa desde os primeiros desenhos de alegorias e figurinos.
Assim, a comissão de frente pensada por ele dialogava com carros alegóricos, alas coreografadas e efeitos visuais, formando um conjunto coeso. Em alguns projetos, ele acompanhava inclusive a escolha da trilha e dos efeitos sonoros, garantindo que ritmo, imagem e movimento se integrassem em um único discurso cênico.
Como Fábio de Mello inovou nas comissões de frente?
A expressão comissão de frente costuma ser associada ao primeiro impacto do desfile. Fábio de Mello ampliou essa ideia ao tratar o grupo como um núcleo dramatúrgico, responsável por contar um recorte da história que a escola levava para a avenida, com cenas que lembravam esquetes teatrais.
Para organizar essa encenação, o coreógrafo se valia de diferentes recursos técnicos e narrativos pensados desde os ensaios até a passagem na avenida. Entre as estratégias utilizadas por ele ao longo da carreira, destacam-se:
- Construção de personagens: integrantes assumiam papéis definidos, com gestos e expressões que reforçavam o enredo.
- Uso de estruturas cênicas: plataformas, elementos mecânicos e dispositivos de abertura ou transformação em plena avenida.
- Integração com efeitos especiais: fumaça, iluminação direcionada e truques visuais planejados em conjunto com a equipe técnica.
- Coreografias narrativas: sequências de movimentos que contavam uma pequena história com começo, desenvolvimento e desfecho.
Qual foi o impacto de Fábio de Mello nas escolas de samba?
O trabalho de Fábio impulsionou mudanças na forma como as escolas de samba planejam seus desfiles. A figura do coreógrafo de comissão de frente passou a ocupar um espaço estratégico, participando de reuniões desde os primeiros esboços e não apenas recebendo o enredo pronto.
Em escolas como a Imperatriz Leopoldinense, sua atuação é lembrada pela articulação entre setores. Ele defendia reuniões conjuntas, definição antecipada do papel da comissão de frente, escolha integrada de figurinos e ensaios sincronizados, fortalecendo a ideia de que cada parte do desfile deve contribuir para uma narrativa única.
Qual é o legado de Fábio de Mello para o carnaval brasileiro?
O legado de Fábio de Mello é associado à consolidação da comissão de frente moderna, marcada pela mistura de teatro, dança e espetáculo visual. Muitos coreógrafos em 2025 citam sua obra ao criar estruturas móveis, personagens bem definidos e cenas de impacto logo na abertura do desfile.
Além da influência estética, seu trabalho ajudou a valorizar a dança como linguagem central no carnaval, elevando a coreografia ao status de ferramenta narrativa. A permanência de suas ideias em desfiles recentes e a atuação de discípulos em diversas agremiações mantêm sua memória ligada a um período de forte renovação cênica no carnaval carioca.
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