Na tarde desta segunda-feira (29/12), o quadro de saúde de Jair Bolsonaro voltou ao centro das atenções após a realização de um segundo procedimento para tratar soluços persistentes. Internado desde 24 de dezembro no hospital DF Star, em Brasília, o ex-presidente passou por nova intervenção para controlar episódios intensos de soluços durante a recuperação de uma cirurgia de hérnia inguinal bilateral, quadro que tem exigido acompanhamento multidisciplinar e autorização judicial para sua permanência no hospital.
Como é o bloqueio do nervo frênico usado no caso de Jair Bolsonaro?
O procedimento escolhido pelos médicos para tentar controlar os soluços de Jair Bolsonaro é conhecido como bloqueio do nervo frênico. Esse nervo estimula o diafragma, músculo essencial para a respiração, e sua interrupção temporária pode ser indicada quando remédios não produzem o efeito esperado em casos de soluços persistentes e incapacitantes.
No caso de Bolsonaro, o bloqueio foi realizado em duas etapas: no sábado (27/12), no nervo frênico direito, e nesta segunda-feira, no lado esquerdo. Especialistas explicam que não se recomenda bloquear os dois lados ao mesmo tempo, para não comprometer a função respiratória, por isso a estratégia foi dividida, permitindo observar a resposta clínica entre uma sessão e outra.
Como o procedimento de bloqueio do nervo frênico é realizado?
De acordo com o radiologista intervencionista Mateus Saldanha, o bloqueio do nervo frênico é minimamente invasivo, leva cerca de uma hora e costuma ser feito com anestesia local e orientação por imagem. Essa combinação permite localizar com precisão o nervo-alvo, reduzir riscos e ajustar a dose de anestésico de forma controlada, diminuindo a chance de efeitos colaterais importantes.
A equipe agora acompanha a evolução do quadro para verificar se há redução significativa dos soluços e, a partir disso, definir próximos passos. Em geral, o bloqueio é temporário e pode ser repetido ou substituído por outras abordagens, dependendo da causa de base, da resposta clínica e da condição respiratória geral do paciente.
Por que soluços persistentes exigem atenção médica especial?
Soluços persistentes, ao contrário dos episódios passageiros, podem prejudicar sono, alimentação, respiração e recuperação pós-operatória. Em casos prolongados, eles podem estar relacionados à irritação do nervo frênico, do nervo vago ou do próprio diafragma, além de alterações metabólicas, gastrointestinais ou neurológicas que exigem investigação dirigida.
No contexto atual, Bolsonaro passou por cirurgia de hérnia inguinal bilateral em 25 de dezembro, sem intercorrências cirúrgicas, mas com queixa crescente de soluços. Segundo o cardiologista Brasil Caiado, a decisão pelo bloqueio foi tomada após crise intensa que impediu repouso adequado, mesmo com uso máximo de medicações disponíveis para controle do sintoma.
Como está a internação e a recuperação de Jair Bolsonaro?
Segundo o cirurgião Cláudio Birolini, a previsão inicial de internação variava entre cinco e sete dias, prazo agora reavaliado após o segundo bloqueio do nervo frênico. A orientação é manter Jair Bolsonaro em observação por pelo menos mais 48 horas e, na ausência de intercorrências, considerar alta hospitalar com base no quadro clínico geral e na evolução dos soluços.
Durante o período no hospital DF Star, o ex-presidente segue em fisioterapia, prevenção de trombose venosa e outros cuidados típicos de pacientes em pós-operatório. A internação ocorre mediante autorização do ministro Alexandre de Moraes, já que Bolsonaro cumpre pena de 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, devendo retornar ao regime de cumprimento de pena após a alta.
FAQ sobre Bolsonaro
- O bloqueio do nervo frênico é definitivo? Em geral, não. Ele é temporário e visa reduzir a atividade do nervo por um período, aliviando os soluços enquanto o organismo se estabiliza.
- Todo paciente com soluços prolongados precisa desse procedimento? Não. A maior parte melhora com medidas simples ou medicações; o bloqueio é reservado para casos resistentes.
- O procedimento impede a respiração normal? Ele é planejado para não comprometer de forma significativa a função respiratória, evitando o bloqueio simultâneo dos dois nervos frênicos.
- Soluços persistentes podem voltar depois do bloqueio? Sim, há possibilidade de recorrência, dependendo da causa de base, motivo pelo qual o paciente segue monitorado após a intervenção.