A investigação sobre a ex-primeira-dama da Coreia do Sul, Kim Keon Hee, recolocou o antigo governo no centro de um debate sobre ética pública, influência de bastidores e limites do poder presidencial. Segundo um promotor especial, a esposa do ex-presidente Yoon Suk Yeol teria recebido subornos em dinheiro e bens de alto valor, além de interferir em nomeações e assuntos de Estado, em um caso que envolve também líderes religiosos e o próprio ex-chefe de Estado.
Quais são as principais acusações contra a ex-primeira-dama?
As denúncias descrevem recebimento de bolsas de grife, joias e pagamentos em troca de mediação em decisões governamentais e indicação de pessoas para cargos públicos.
Kim Keon Hee nega ilegalidades, mas pediu desculpas publicamente por ter causado preocupação, gesto visto como reconhecimento do impacto político, e não como admissão de culpa. A promotoria afirma que ela teria se aproveitado do status de esposa do presidente para ampliar sua influência em assuntos de Estado e em processos de nomeação de pessoal.
Como teria funcionado o suposto esquema de subornos?
Segundo o promotor especial Min Joong-ki e sua equipe, diversas pessoas teriam procurado diretamente a ex-primeira-dama, e não o então presidente, para pleitear favores. Esses pedidos viriam acompanhados de pagamentos em dinheiro e bens de luxo, como bolsas Chanel e joias, sugerindo uma contrapartida em decisões administrativas e indicações públicas.
Segundo o promotor assistente Kim Hyeong-geun, essa dinâmica seria típica de tráfico de influência e suborno, ao transformar a posição institucional da ex-primeira-dama em um canal informal de lobby. A seguir, estão alguns elementos que, segundo a acusação, compõem o padrão de atuação investigado:
- Visitas de empresários, figuras políticas e religiosos diretamente a Kim Keon Hee;
- Entrega de objetos de alto valor, como bolsas Chanel e colar de diamantes;
- Pedidos de indicações para cargos e influência em decisões públicas estratégicas;
- Atendimento de parte dessas solicitações, associando benefício privado a ato oficial.
Qual é o papel da Igreja da Unificação e de sua líder?
Outro ponto central da investigação é o envolvimento da Igreja da Unificação, grupo religioso de alcance internacional. A líder da organização, Han Hak-ja, foi indiciada sob suspeita de que a igreja teria oferecido presentes caros à ex-primeira-dama para ganhar influência política e aproximar o grupo do núcleo do poder presidencial.
A promotoria aponta duas bolsas Chanel e um colar de diamantes como presentes simbólicos dessa estratégia de aproximação, ainda que Han Hak-ja negue ter ordenado qualquer suborno. Para os investigadores, uma eventual condenação de líderes religiosos por corrupção reforçaria o debate sobre o entrelaçamento entre fé, política e interesses financeiros em diferentes países.
Qual é a situação do ex-presidente Yoon Suk Yeol?
Paralelamente às acusações contra Kim Keon Hee, o ex-presidente Yoon Suk Yeol responde por suspeita de ter orquestrado uma insurreição, ligada à breve imposição de lei marcial. A acusação prevê penas severas, de prisão perpétua até pena de morte, dependendo da interpretação dos tribunais sobre a gravidade do ato.
A equipe de investigação pediu 15 anos de prisão para Kim Keon Hee, que está detida e responde também por mediação indevida e outras infrações correlatas. As decisões de primeira instância, previstas para 28 de janeiro de 2026 no caso da ex-primeira-dama e para o início de 2026 no caso de Yoon, tendem a influenciar o cenário político e a confiança nas instituições sul-coreanas.
FAQ sobre ex-primeira-dama da Coreia do Sul
- Qual é a acusação mais grave contra a ex-primeira-dama? A promotoria considera mais grave o recebimento de subornos em troca de interferência em nomeações e decisões de Estado, por envolver possível desvio da função pública em benefício privado.
- O que significa lei marcial no contexto do caso de Yoon? Lei marcial é a substituição temporária da autoridade civil por autoridade militar. No caso de Yoon, a Justiça avalia se a imposição foi abusiva, configurando insurreição.
- Presentes como bolsas e joias sempre configuram suborno? Não necessariamente. Para serem considerados suborno, é preciso haver relação entre o presente e um ato específico de poder ou decisão pública em benefício de quem oferece.
- Por que grupos religiosos buscam proximidade com governos? Em muitos países, organizações religiosas buscam influência política para defender agendas, garantir espaço institucional ou facilitar projetos, o que pode gerar investigações quando há suspeita de vantagens indevidas.