O novo capítulo da crise em Gaza ganhou destaque após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acusar nesta quarta-feira (24/12) o Hamas de violar o cessar-fogo em vigor no território. Em discurso público, o líder israelense afirmou que o grupo terrorista não estaria cumprindo as condições de desarmamento previstas no acordo firmado em outubro, o que reacende temores sobre uma possível escalada militar na região, em meio a episódios recentes de violência na área de Rafah, no sul da Faixa de Gaza.
Como Netanyahu acusa o Hamas sobre cessar-fogo em Gaza?
A acusação central de Benjamin Netanyahu gira em torno do compromisso de desarmamento previsto no acordo de cessar-fogo em Gaza. Segundo o premiê, o Hamas teria “deixado claro” que não aceita entregar suas armas, contrariando um dos pontos considerados fundamentais por Israel e pelos mediadores internacionais.
As declarações foram feitas durante uma cerimônia de formatura de novos pilotos da Força Aérea de Israel. No discurso, Netanyahu citou um ataque em Rafah, onde um artefato explosivo atingiu um veículo militar e feriu um oficial, apontando o episódio como evidência da fragilidade da trégua e da possibilidade de novas rupturas.
Como ocorreu o ataque em Rafah?
O Exército de Israel informou que a explosão em Rafah foi causada por um dispositivo detonado à passagem de um veículo militar, atribuído a terroristas na região. Para o governo israelense, o incidente reforça a suspeita de que o Hamas não está comprometido com a plena observância do cessar-fogo.
O Hamas, porém, negou ter organizado o ataque, por meio de seu representante Mahmoud Merdawi. Ele alegou que o episódio estaria ligado a munições não detonadas deixadas em operações passadas, e disse que mediadores internacionais foram informados sobre esse contexto para evitar uma escalada imediata da crise.
Como funciona o plano de cessar-fogo em Gaza?
O cessar-fogo atual em Gaza integra um plano de 20 pontos apresentado em setembro pelo então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A proposta prevê uma trégua inicial com libertação de reféns e prisioneiros, além de retirada parcial das forças israelenses de áreas específicas da Faixa de Gaza.
Na etapa final, o plano americano prevê o desarmamento completo do Hamas e o fim do papel político do grupo terrorista em Gaza, combinado com a retirada total de Israel. O impasse surge porque o Hamas condiciona o desarmamento à criação de um Estado palestino, exigência rejeitada pelo atual governo israelense e que trava o avanço das fases seguintes do acordo.
Como está a trégua em Gaza?
Desde 10 de outubro, quando a trégua entrou em vigor, os confrontos diminuíram em intensidade, mas não cessaram totalmente. O Hamas afirma que mais de 400 pessoas morreram no território nesse período, enquanto Israel relata a morte de três soldados em ataques atribuídos a terroristas do grupo, o que indica um cenário ainda instável e vulnerável a incidentes locais.
Netanyahu também apontou outras frentes de tensão regional, como o Hezbollah no Líbano, os houthis no Iêmen e o papel do Irã, todos vistos por Israel como parte de um mesmo arco de ameaça. Segundo o premiê, Israel não busca confrontos, mas manterá postura de vigilância e resposta caso considere haver violações graves de acordos ou novos ataques.
Quais são os possíveis desdobramentos da crise?
Especialistas afirmam que o futuro do cessar-fogo depende da disposição do Hamas em negociar seu arsenal, da pressão internacional por estabilidade e das decisões políticas do governo israelense. Nesse contexto, o encontro previsto entre Netanyahu e Donald Trump é visto como momento-chave para reavaliar prazos, condições e prioridades do plano para Gaza.
Para orientar o debate público, alguns pontos centrais ajudam a entender os riscos de ruptura da trégua e os caminhos diplomáticos em discussão:
- Persistência da trégua: depende do cumprimento gradual das etapas do plano, incluindo medidas de desarmamento e garantias de segurança.
- Papel dos Estados Unidos: atuam como principal mediador, tentando equilibrar exigências de Israel e demandas palestinas por reconhecimento político.
- Consequências de uma ruptura: aumento da probabilidade de operações militares em maior escala e congelamento de negociações futuras.
- Influência regional: grupos como Hezbollah e houthis, além do Irã, podem afetar o cálculo estratégico de Israel e do Hamas, ampliando o impacto do conflito além de Gaza.
FAQ sobre Netanyahu e Gaza
- O cessar-fogo em Gaza é permanente? Não. O acordo atual é parte de um plano em etapas, que depende do cumprimento de condições como desarmamento e negociações políticas para se tornar mais duradouro.
- Qual o papel dos Estados Unidos no plano para Gaza? Os EUA atuam como principal formulador e mediador do plano de 20 pontos, coordenando a trégua, a troca de reféns e prisioneiros e as discussões sobre desarmamento.
- O Hezbollah tem ligação direta com o cessar-fogo em Gaza? Não faz parte do acordo de Gaza, mas é citado por Israel como outra ameaça regional que também resiste a processos de desarmamento.
- O que pode acontecer se o cessar-fogo for considerado rompido? Em caso de ruptura reconhecida pelas partes, há risco de retomada de operações militares em maior escala e de suspensão de etapas futuras do plano diplomático.