A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou medidas rígidas de controle sobre medicamentos específicos em circulação no país, incluindo o recolhimento de um lote de solução injetável de cloreto de sódio, a proibição de diversos anabolizantes sem registro e a suspensão de atividades de uma farmácia de manipulação, com impacto direto em estabelecimentos de saúde, farmácias e consumidores.
O que motivou o recolhimento do cloreto de sódio 0,9%?
Um dos focos da ação fiscal foi o recolhimento de um lote específico de Cloreto de Sódio 0,9% Basa – solução injetável amplamente utilizada em hospitais e clínicas. A própria fabricante comunicou às autoridades sanitárias a identificação de material estranho em uma das unidades, o que levou ao recolhimento voluntário e à posterior determinação oficial da Anvisa para o lote 1250250.
Esse tipo de decisão é comum em suspeitas de contaminação ou falhas de fabricação, pois permite delimitar o alcance da medida a um lote específico. Unidades de saúde, distribuidores e farmácias devem retirar imediatamente o lote afetado de uso e armazenamento, seguindo rigorosamente as orientações das autoridades sanitárias locais.
Quais anabolizantes foram proibidos pela Anvisa?
Outro eixo central da decisão envolve a proibição de uma série de anabolizantes irregulares associados à empresa Landerlan, cujo CNPJ é desconhecido no Brasil. Cerca de 30 medicamentos, em sua maioria esteroides anabolizantes, não possuem registro, notificação ou cadastro na Anvisa, o que impede a avaliação de qualidade, segurança e eficácia pelo órgão regulador.
Estão proibidas a comercialização, distribuição, importação, divulgação e uso de todos os lotes desses produtos em território nacional, incluindo diferentes formulações de testosterona, trembolona, nandrolona, stanozolol, oxandrolona, hormônio do crescimento e outros compostos, como Decaland Depot, Testoland Depot, Oxandroland, Stanozoland Depot e Landertropin GH.
Como os anabolizantes clandestinos impactam o mercado e os profissionais?
Na prática, a medida atinge principalmente academias, clínicas estéticas, revendedores informais e o comércio online, onde esses anabolizantes clandestinos costumam ser ofertados. A presença de produtos sem registro também dificulta o rastreamento de eventos adversos e a responsabilização de fabricantes e distribuidores.
A proibição funciona como alerta para profissionais de saúde, que devem reforçar a checagem da origem dos medicamentos utilizados em pacientes, sobretudo em substâncias voltadas a ganho de massa muscular e desempenho físico. Prescrições responsáveis e acompanhamento clínico adequado são essenciais para reduzir danos e evitar uso recreativo ou abusivo.
Quais são os principais riscos do uso de anabolizantes sem registro?
O uso de anabolizantes sem registro na Anvisa envolve riscos relacionados à composição desconhecida, fabricação precária e transporte inadequado. Em substâncias injetáveis, qualquer falha de assepsia pode levar a infecções graves, reações locais intensas e complicações sistêmicas, inclusive necessidade de internação.
Entre os principais problemas associados ao uso de esteroides anabolizantes irregulares, especialistas em saúde costumam destacar os seguintes riscos à saúde do usuário:
- Alterações hormonais importantes, com impacto em órgãos como fígado, coração e rins;
- Aumento do risco de eventos cardiovasculares, como hipertensão e arritmias;
- Efeitos sobre o sistema reprodutor, incluindo infertilidade e disfunção sexual;
- Reações inesperadas, devido a impurezas ou dosagens diferentes das declaradas;
- Interações não avaliadas com outros medicamentos em uso pelo paciente.
Por que a farmácia de manipulação foi alvo da Anvisa?
A mesma medida que tratou dos anabolizantes proibidos pela Anvisa também atingiu a Farmácia Manipulart, especializada em manipulação de medicamentos. A Anvisa suspendeu a comercialização, a manipulação e a divulgação de todos os medicamentos manipulados pela empresa, em razão do descumprimento das Boas Práticas de Manipulação em Farmácias.
Um dos pontos críticos foi a oferta de medicamentos manipulados em sites de vendas on-line, prática vedada pela regulamentação. O uso de plataformas digitais pode induzir o consumo sem orientação profissional e dificultar o controle sanitário, motivo pelo qual os produtos da farmácia não devem ser comprados ou utilizados até que todas as exigências regulatórias sejam cumpridas.
Como identificar produtos irregulares e se proteger adequadamente?
Diante de casos de anabolizantes irregulares e suspensões de medicamentos, a consulta a fontes oficiais torna-se fundamental. Consumidores e serviços de saúde podem adotar cuidados básicos para reduzir o risco de contato com produtos não autorizados, especialmente em compras pela internet e em estabelecimentos pouco conhecidos.
- Verificar, no rótulo, se há número de registro na Anvisa ou indicação de notificação/cadastro;
- Consultar o nome do medicamento ou da empresa no portal da Anvisa, em seções de alertas e produtos irregulares;
- Desconfiar de ofertas em redes sociais, marketplaces e sites estrangeiros que prometem aumento rápido de massa muscular ou performance;
- Priorizar a orientação de profissionais habilitados, como médicos e farmacêuticos, antes de iniciar qualquer tratamento com hormônios ou anabolizantes;
- Comunicar à vigilância sanitária local quando houver suspeita de produto falsificado, sem registro ou vendido de forma inadequada.
Essas atitudes, somadas à fiscalização constante de órgãos reguladores, ajudam a reduzir a circulação de anabolizantes proibidos e de outros medicamentos irregulares, contribuindo para um ambiente de maior segurança sanitária no país.
