A queda nas ações da Alpargatas, empresa responsável pela marca Havaianas, chamou atenção do mercado financeiro nesta segunda-feira (22/12). Em meio ao fortalecimento das redes sociais na vida pública, a empresa passou a ser alvo de debate político após o lançamento de uma campanha publicitária com a atriz Fernanda Torres, evidenciando como movimentos de boicote e manifestações partidárias podem interferir, ao menos no curto prazo, na percepção dos investidores.
Por que as ações da Alpargatas caíram em meio à polêmica?
O vídeo, estrelado por Fernanda Torres, brinca com a expressão “pé direito”, tradicionalmente ligada à ideia de sorte no começo do ano, e sugere que o público comece 2026 “com os dois pés”, reforçando uma mensagem de autonomia pessoal.
Grupos conservadores interpretaram o conteúdo como um recado político, sobretudo por associarem a atriz a posicionamentos de esquerda. Em um cenário em que as ações da Alpargatas na bolsa já sofrem influência de fatores macroeconômicos e setoriais, a politização da campanha adicionou incerteza reputacional e gerou ruído entre investidores de curto prazo. Veja o vídeo divulgado nas redes sociais da atriz:
Como começou a polêmica envolvendo Havaianas e Fernanda Torres?
A controvérsia se intensificou quando políticos de direita passaram a se posicionar publicamente contra a campanha. Eduardo Bolsonaro classificou um dos produtos da marca como “símbolo nacional”, mas rejeitou a escolha de Fernanda Torres como representante da sandália, aparecendo em vídeo enquanto descarta um par de Havaianas para reforçar o boicote.
Outros nomes da oposição, como Bia Kicis (PL-DF) e Capitão Alberto Neto (PL-AM), aderiram às críticas, ampliando a repercussão nas redes. Em resposta, deputados da base governista, como Paulo Pimenta (PT-RS), Rogério Correia (PT-MG) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS), passaram a defender publicamente a marca, estimulando uma reação oposta de “compre Havaianas”.
Quais fatores podem influenciar o futuro das ações da Alpargatas?
Entre investidores e analistas, a principal dúvida é se episódios como esse têm efeito duradouro nas ações da Alpargatas ou se representam apenas uma oscilação momentânea. Em boicotes politizados, o impacto costuma ser pontual, dependendo da adesão efetiva dos consumidores e da velocidade da resposta da empresa.
No caso da Alpargatas, alguns fatores são monitorados por quem acompanha o papel, pois ajudam a dimensionar se a crise tende a ser passageira ou capaz de afetar resultados futuros:
- Força da marca Havaianas: presença consolidada no Brasil e em diversos mercados internacionais;
- Gestão de crises e comunicação: rapidez, tom e consistência das respostas públicas da empresa;
- Contexto econômico: renda disponível, custos de produção, câmbio e demanda por bens discricionários;
- Ambiente político: intensidade, duração e alcance real das campanhas de boicote nas redes;
- Desempenho operacional: dados de vendas, margem e orientação divulgados nos próximos trimestres.
Como as redes sociais podem influenciar nas ações?
As redes sociais funcionam cada vez mais como termômetro do humor político e do comportamento do consumidor. A velocidade com que o vídeo da campanha virou pauta ideológica mostra como marcas de grande exposição pública estão sujeitas a reações em cadeia, que afetam imagem institucional e, no curto prazo, o interesse de investidores em suas ações.
Quando uma campanha de boicote ganha tração digital, podem surgir efeitos como aumento de visibilidade, pressão reputacional e maior volatilidade do papel. O caso das ações da Alpargatas em queda ilustra como a fronteira entre publicidade, política e mercado financeiro é cada vez mais tênue em empresas com produtos de grande apelo popular.
FAQ sobre Havaianas e Alpargatas
- Como os boicotes digitais podem afetar a reputação de uma marca? Boicotes nas redes sociais aumentam a exposição negativa e geram pressão reputacional. Mesmo que temporários, podem influenciar a percepção do público e investidores, exigindo respostas rápidas da empresa.
- Qual é o papel da comunicação da empresa durante crises politizadas? Uma gestão de crises eficiente ajuda a conter rumores, esclarecer posicionamentos e reduzir impactos nas vendas e na confiança dos investidores, minimizando efeitos de curto prazo.
- Marcas internacionais como Havaianas são mais vulneráveis a esse tipo de polêmica? Sim, marcas com grande visibilidade e presença global estão mais expostas a críticas políticas e boicotes digitais, já que a repercussão tende a se espalhar rapidamente, amplificando a volatilidade do mercado.