O debate sobre a qualidade do serviço de distribuição de energia elétrica em São Paulo voltou ao centro das atenções após o governador Tarcísio de Freitas cobrar nesta terça-feira (23/12) um plano emergencial da Enel para o período chuvoso no fim de ano, com foco especial na virada de 2025 para 2026, quando há previsão de chuvas intensas e ventos fortes que costumam pressionar a rede e expor fragilidades na infraestrutura.
Quais são as principais cobranças de Tarcísio à Enel?
Na avaliação do governo, as falhas recorrentes no fornecimento de energia durante temporais recentes impactaram o cotidiano da população e serviços essenciais. Por isso, o encontro com o presidente da Enel São Paulo, Guilherme Lencastre, teve caráter de cobrança por planejamento prévio, protocolos claros de resposta e reforço de equipes de campo.
O governo também quer ações específicas para evitar quedas prolongadas de energia, inclusive com monitoramento em tempo real e integração com órgãos municipais. A expectativa é reduzir o tempo de restabelecimento e aprimorar a comunicação com consumidores em situações críticas.
Como será o plano da Enel para o período chuvoso em São Paulo?
A cobrança busca garantir que a Enel apresente um plano robusto para o período chuvoso, com foco em prevenção e reação rápida. Em tempestades, a rede enfrenta queda de árvores, rompimento de cabos e danos em postes, exigindo estrutura preparada para atendimento em larga escala e equipes adicionais de prontidão.
Entre as medidas esperadas pelo governo e por órgãos de controle, destacam-se ações preventivas e operacionais consideradas prioritárias:
- Mapeamento de áreas críticas e poda preventiva de árvores próximas à rede.
- Ampliação de equipes de manutenção e aumento do número de bases operacionais.
- Melhoria na comunicação com consumidores por aplicativos, SMS e canais digitais.
- Integração com defesa civil, prefeituras e serviços de emergência para resposta coordenada.
Como a crise de energia afeta grandes obras em São Paulo?
O governador também cobrou regularidade no fornecimento de energia para grandes obras em andamento, como intervenções hídricas e a Linha 6-Laranja do metrô, prevista para 2026. Esses projetos dependem de alimentação elétrica estável para testes, operação de máquinas e avanço dos canteiros.
Interrupções frequentes podem atrasar cronogramas, elevar custos e comprometer metas públicas já anunciadas. No caso da Linha 6-Laranja e de sistemas de bombeamento hídrico, falhas recorrentes afetam a segurança hídrica, a mobilidade urbana e o funcionamento de equipamentos críticos.
O que pode acontecer com a concessão da Enel em São Paulo?
Paralelamente à cobrança por um plano para o período chuvoso, Tarcísio de Freitas defende que a Aneel dê prosseguimento ao processo de caducidade da concessão da Enel em São Paulo. A caducidade é um mecanismo legal que pode levar à perda da concessão quando há descumprimento reiterado de obrigações contratuais ou regulatórias.
A Aneel iniciou, em 17 de dezembro, a avaliação formal sobre a possibilidade de instaurar esse processo, com base em indicadores de qualidade, continuidade do fornecimento, resposta a eventos extremos e cumprimento de investimentos. Mesmo assim, o caminho é longo, com etapas de defesa da empresa, análises técnicas e decisões sobre eventual substituição da operadora.
Quais os impactos para a população?
A população acompanha, ao mesmo tempo, a pressão política por melhorias no serviço de energia e a previsão de um verão com chuvas fortes, que tradicionalmente testa a infraestrutura elétrica. Consumidores esperam respostas práticas, como redução no tempo de restabelecimento e menos episódios de longos apagões em bairros residenciais e áreas comerciais.
O desempenho da rede durante as tempestades do fim de 2025 e início de 2026 deve influenciar a percepção pública sobre a concessionária e o ritmo das discussões regulatórias. A forma como a Enel responderá a esses desafios pode pesar na continuidade de sua atuação como distribuidora no estado.
FAQ sobre o caso Enel e o período chuvoso em SP
- O que é caducidade de concessão? É o processo pelo qual o poder concedente pode encerrar antecipadamente o contrato de uma concessionária por descumprimento de obrigações contratuais ou regulatórias.
- A Enel pode perder a concessão ainda em 2025? O andamento depende da análise da Aneel, que inclui etapas técnicas e jurídicas. Não há prazo definido, e decisões costumam levar meses.
- Quais são os principais problemas apontados no serviço da Enel em SP? As principais críticas se concentram em quedas prolongadas de energia durante temporais, demora no restabelecimento do serviço e falhas na comunicação com consumidores.
- Temporais sempre causam apagões? Não necessariamente. Eventos extremos aumentam o risco, mas o impacto depende do nível de preparo da rede elétrica, da manutenção preventiva e da capacidade de resposta da distribuidora.