Entre os muitos projetos ligados à micromobilidade elétrica na Europa, poucos despertaram tanta atenção quanto os pequenos quadriciclos urbanos da Renault. Em pouco mais de uma década, a marca lançou o carro elétrico que se tornou referência nas cidades e, depois, um sucessor que teve trajetória muito mais curta, reacendendo o debate sobre os desafios comerciais desses veículos elétricos compactos.
O Renault Twizy consolidou uma nova categoria de micromobilidade elétrica?
O Renault Twizy foi apresentado como um veículo elétrico urbano focado em distâncias curtas, deslocamentos diários e uso compartilhado. Com dimensões reduzidas, posição de condução em linha e estrutura simples, ocupava menos espaço do que um carro convencional e oferecia custo de operação inferior a veículos a combustão da mesma categoria.
Ao longo de quase 15 anos de produção, o Twizy foi utilizado em serviços de compartilhamento, frotas corporativas, locação por períodos curtos e também por particulares. Em alguns países europeus, versões com velocidade limitada podiam ser conduzidas com exigências de habilitação mais flexíveis, ampliando o alcance do modelo e consolidando uma espécie de “categoria de entrada” na micromobilidade elétrica.
Por que o Mobilize Duo teve uma trajetória tão curta no mercado?
Para suceder o Twizy, o grupo Renault, por meio da marca Mobilize, apresentou o Mobilize Duo como um novo quadriciclo elétrico urbano. A proposta mantinha a configuração compacta de dois lugares em linha, mas adicionava habitáculo totalmente fechado, melhorias de conforto e autonomia elétrica em torno de 150 quilômetros, considerada adequada para trajetos urbanos diários.
O conceito do Duo estava fortemente associado a serviços de mobilidade, como assinaturas, locações e uso compartilhado, mais do que à venda direta ao consumidor. Mesmo assim, em poucos meses as vendas foram suspensas, indicando que a recepção ficou abaixo do esperado e que o modelo não atingiu a escala necessária para justificar sua continuidade comercial.
Para aprofundar essa análise, selecionamos o conteúdo do canal Carspotter Jeroen, que conta com mais de 56,3 mil inscritos e 1,9 mil vídeos publicados. No vídeo a seguir, Carspotter Jeroen mostra em detalhes como é a dirigibilidade do Duo, explorando o carro por dentro e por fora:
Quais fatores podem ter levado ao fim do Mobilize Duo?
A Renault não detalhou oficialmente os motivos para encerrar as vendas do Mobilize Duo, mas alguns elementos costumam pesar nesse tipo de projeto. O posicionamento de preço frente a outros veículos elétricos urbanos e a percepção de valor em relação a carros compactos elétricos mais versáteis influenciam diretamente a escolha do consumidor.
Outro ponto é a concorrência crescente na micromobilidade elétrica, com scooters, bicicletas e patinetes elétricos, além de novos quadriciclos de diferentes marcas. Para entender melhor esse contexto, é útil observar alguns fatores que afetam a viabilidade de projetos como o Duo nas cidades europeias:
- Custo total de propriedade (compra, manutenção, seguro e energia);
- Infraestrutura de recarga disponível em áreas urbanas;
- Regras de trânsito e habilitação específicas para quadriciclos;
- Concorrência de outros modais leves, elétricos ou não;
- Modelos de negócio baseados em assinatura ou compartilhamento.
O que Twizy e Duo indicam sobre o futuro da micromobilidade elétrica?
A trajetória longa do Twizy contrasta com a passagem rápida do Duo e mostra como a aceitação de um veículo elétrico urbano vai além da tecnologia embarcada. A combinação entre preço, regulamentação, cultura local de mobilidade e infraestrutura de recarga é decisiva para que quadriciclos elétricos se sustentem comercialmente.
Para fabricantes e operadores de serviços, experiências como a do Mobilize Duo funcionam como laboratório. Elas ajudam a identificar quais características são mais valorizadas, como proteção contra intempéries, facilidade de recarga e integração com aplicativos, e quais formatos de uso se mostram mais viáveis, seja na compra direta, seja em modelos de assinatura, carsharing ou frotas corporativas.
Quais caminhos podem fortalecer os próximos projetos de micromobilidade?
Em 2025, o segmento de micromobilidade elétrica segue em expansão, mas ainda em fase de ajustes em escala, legislação e aceitação do público. A experiência com Twizy e Duo sugere que o futuro desses veículos depende de estratégias mais integradas entre montadoras, operadores de mobilidade e poder público, explorando também nichos como entregas urbanas e turismo.
- Aprender com o desempenho de veículos como Twizy e Duo em diferentes cidades;
- Ajustar preços e planos de uso à realidade econômica local;
- Investir em parcerias com prefeituras e empresas para ampliar a base de usuários;
- Monitorar a evolução das normas para quadriciclos e outros modais elétricos leves;
- Explorar versões adaptadas para entregas urbanas, serviços e turismo.