Mauro Pimentel/AFP
Ministro de Minas e Energia afirmou que estatal irá alterar PPI e levará em consideração mercado interno; papéis da estatal se recuperam
A Petrobras disse nesta quarta-feira, 5, que não há recebeu uma proposta do Ministério das Minas e Energia (MME) para alteração no preço dos combustíveis. O comunicado ao mercado foi feito em resposta ao titular da pasta, Alexandre Silveira, que afirmou que haverá mudanças na política de preços da companhia.
Em entrevista a GloboNews na tarde dessa quarta, Silveira afirmou que o ministério enviou a Petrobras diretrizes para basear o preço dos combustíveis no mercado interno e não no exterior, como é a política em vigência atualmente. Segundo Silveira, isso poderia reduzir o custo do diesel. “O tal PPI [Preço por Paridade de Importação] é um verdadeiro absurdo. Nós temos que ter o que eu tenho chamado de PCI, Preço de Competitividade Interno”, afirmou o ministro.
Em nota a investidores, Petrobras disse que “quaisquer propostas de alteração da Política de Preços recebidas do acionista controlador serão comunicadas oportunamente ao mercado, e conduzidas pelos mecanismos habituais de governança interna da companhia”. Após a entrevista do ministro, os papéis da companhia (PETR3, PETR4) chegaram a cair 4%, mas se recuperaram nesta tarde. Por volta de 16h, as ações subiam 0,29% e 0,41%, respectivamente.
“A companhia reitera que ajustes de preços de produtos são realizados no curso normal de seus negócios, em razão do contínuo monitoramento dos mercados, o que compreende, dentre outros procedimentos, a análise diária do comportamento de nossos preços relativamente às cotações internacionais, o seu market share, dentre outras variáveis”, completou e empresa, afirmando ter compromisso com a “prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado nacional”.
Desde 2016, a Petrobras utiliza a paridade de preço internacional para a formação dos preços do diesel, gasolina e e gás de cozinha. Entre as variáveis estão o câmbio e a variação do barril de petróleo. Este último, aliás, subiu 6% na última segunda-feira após a decisão da Opep de cortar a produção global da commodity. Segundo a Abicom, associação de importadores de combustível, o diesel está 2% mais caro no mercado interno que o preço internacional. Já a gasolina, é comercializada 5% abaixo da paridade internacional nessa quarta-feira.
Desde que foram adotadas, as atuais diretrizes para definição de preços nas refinarias são alvo de polêmica. No governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), três presidentes da Petrobras foram derrubados do cargo por conta da política de preços. Durante a campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou duramente o PPI. O presidente da estatal, Jean Paul Prates também é crítico da política de preço. “Paridade de importação não é o preço que a Petrobras deve praticar. Ponto”, declarou o presidente da estatal em março.