O laudo da Polícia Federal sobre a saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) trouxe novos elementos ao debate sobre sua situação médica e jurídica. Nesta sexta-feira (19/12) a junta médica, que o avaliou em Brasília, revelou que ele é portador de hérnia inguinal bilateral e precisa de cirurgia em caráter eletivo, mas com realização considerada breve pelos peritos, o que impacta diretamente a forma de cumprimento de sua pena e a necessidade de acompanhamento clínico contínuo.
O que diz o laudo da PF sobre a hérnia inguinal bilateral de Jair Bolsonaro?
Segundo o laudo da PF, Bolsonaro apresenta hérnia inguinal bilateral, isto é, em ambos os lados da região inguinal. A junta médica concluiu que o reparo cirúrgico é necessário em caráter eletivo, não sendo emergência imediata, mas um procedimento que não deve ser indefinidamente adiado.
O documento ressalta que o aumento da pressão intra-abdominal, provocado por episódios como tosse intensa ou esforço, pode agravar o quadro herniário. Em casos mais graves, há risco de encarceramento ou estrangulamento da hérnia, situações que exigem intervenção urgente.
Como foi realizada a perícia médica determinada pelo STF?
A perícia foi realizada na sede da Superintendência Regional da Polícia Federal, em cumprimento a decisão de Alexandre de Moraes. O ministro determinou avaliação por peritos oficiais e o envio de todos os exames e laudos apresentados pela defesa à PF, no contexto da execução da pena de 27 anos e três meses de prisão em regime inicial fechado.
O processo médico-pericial envolveu a revisão de ultrassom que identificou duas hérnias inguinais, além de relatórios clínicos e relatos de dor, desconforto e alteração do sono e da alimentação. Com base nesse conjunto de dados, foi elaborado o laudo final, que orienta o Judiciário quanto à necessidade, oportunidade e condições da cirurgia de reparo.
Como funciona a cirurgia de hérnia para presos?
Os advogados do ex-presidente solicitaram ao STF autorização para procedimento cirúrgico urgente, alegando que a operação não pode ser realizada em ambiente prisional comum. Para esses casos, o tratamento segue protocolo específico que busca conciliar segurança, direito à saúde e logística hospitalar.
Nesse contexto, a autorização e a execução da cirurgia costumam observar etapas padronizadas, que organizam o fluxo entre sistema prisional, justiça e hospital:
- Laudo médico detalhado indicando diagnóstico, riscos e necessidade de cirurgia;
- Análise judicial para autorizar o deslocamento e a internação em unidade externa;
- Definição de escolta e segurança durante o período de transporte e permanência no hospital;
- Retorno ao sistema prisional após alta e estabilização clínica.
O que diz a junta médica sobre os soluços?
Além da hérnia inguinal, o laudo da PF abordou o quadro de soluços recorrentes apresentado por Bolsonaro. De acordo com os peritos, o bloqueio do nervo frênico é tecnicamente pertinente para casos em que os soluços se mostram resistentes a tratamentos convencionais.
Os especialistas ressaltaram que episódios prolongados de soluços podem prejudicar sono, alimentação e recuperação de outras condições clínicas, como a própria hérnia. Por isso, recomendaram acompanhamento constante e medidas terapêuticas específicas, mesmo dentro do contexto de uma execução penal, para evitar piora geral do quadro.
FAQ sobre tratamento de Jair Bolsonaro
- Jair Bolsonaro pode ter complicações graves por causa da hérnia inguinal? As complicações graves não são inevitáveis, mas podem ocorrer se a hérnia se tornar encarcerada ou estrangulada, exigindo atendimento de urgência. O laudo alerta para esse risco aumentado caso o reparo cirúrgico seja adiado por muito tempo.
- Hérnia inguinal bilateral é comum em pacientes adultos? A hérnia inguinal é relativamente frequente em adultos, especialmente do sexo masculino. A forma bilateral, em que aparece nos dois lados, também é observada em uma parcela dos casos.
- Por que a cirurgia de hérnia não é feita dentro do presídio? Esse tipo de procedimento requer centro cirúrgico adequado, equipe treinada e estrutura de recuperação pós-operatória, geralmente disponíveis em hospitais, não em unidades prisionais.
- O tempo de internação de 5 a 7 dias é habitual? O período pode variar de acordo com a técnica utilizada e o estado geral do paciente, mas alguns casos de hérnia inguinal, especialmente em pacientes com histórico clínico complexo, exigem alguns dias de observação hospitalar após a cirurgia.