O caso envolvendo o deputado federal Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara, ganhou destaque nacional após a apreensão de cerca de R$ 430 mil em espécie em um flat alugado em Brasília, durante a Operação Galho Fraco, da Polícia Federal, que apura suspeitas de desvio de recursos públicos ligados às cotas parlamentares e levanta questionamentos sobre a origem do dinheiro, a fiscalização dos gastos parlamentares e os possíveis desdobramentos políticos e jurídicos.
Como Sóstenes Cavalcante explicou a origem do dinheiro?
A origem dos R$ 430 mil encontrados no hotel é o ponto central da versão apresentada por Sóstenes Cavalcante. Ele afirma nesta sexta-feira (19/12) que a quantia corresponde ao pagamento pela venda de um imóvel em Minas Gerais, recebido recentemente em espécie, lacrado e identificado, e que ainda não teria sido depositado por conta da “correria” do trabalho.
O deputado diz que o bem foi adquirido após as eleições de 2022, está declarado no Imposto de Renda e que há documentos que comprovariam a legalidade da operação. Mesmo questionado, ele não revelou o nome do comprador nem a cidade onde o imóvel estaria situado, o que desperta dúvidas, já que transações de alto valor em dinheiro vivo chamam atenção de órgãos de controle. “Aprendam uma coisa: dinheiro de corrupção não aparece lacrado, identificado e recolhido oficialmente na sua residência. Quem quer viver de corrupção, bota em outro lugar. Vendi um imóvel, o imóvel me foi pago com dinheiro lícito, está lacrado, tem a origem, então não tenho nada a temer”, disse.
Como funciona a Operação Galho Fraco e quem está sendo investigado?
A Operação Galho Fraco, desencadeada pela Polícia Federal, busca investigar possíveis desvios de recursos das cotas parlamentares, verbas públicas destinadas a custear atividades do mandato, como aluguel de escritório, passagens, consultorias e serviços de apoio. A apuração mira supostas despesas irregulares e contratos que possam ter servido para desviar recursos.
Nesta fase, a PF cumpriu sete mandados de busca e apreensão autorizados pelo Supremo Tribunal Federal, no Distrito Federal e no Rio de Janeiro. Além de Sóstenes Cavalcante, o deputado federal Carlos Jordy, também do PL-RJ, foi alvo de diligências, e foram apreendidos celulares, documentos e valores em espécie, em investigação por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Veja a fala do deputado (reprodução/X/CNN):
🚨URGENTE – Deputado Sóstenes Cavalcante diz que o dinheiro encontrado pela PF é fruto da venda de um imóvel e que a operação de hoje é perseguição e cortina de fumaça
— SPACE LIBERDADE (@NewsLiberdade) December 19, 2025
“Eles querem ocultar com essa operação e botar um pano de fundo para que ninguém saiba quem é o filho do cara” pic.twitter.com/3FgxQvrNqy
Qual o impacto da apreensão de dinheiro vivo?
A presença de grande quantidade de dinheiro vivo em hotel geralmente acende alerta em órgãos de controle, sobretudo quando envolve agentes públicos. Negócios de alto valor costumam ser feitos por transferências bancárias ou meios rastreáveis, o que facilita a checagem da origem dos recursos e a comunicação obrigatória às autoridades financeiras.
No caso de Sóstenes Cavalcante, ele afirma que recebeu o pagamento recentemente, não tendo feito o depósito por causa de agendas e deslocamentos, e que parte do montante seria destinada a novos negócios. A compatibilidade entre renda declarada, patrimônio, documentos da negociação e eventual comunicação ao Coaf será determinante para afastar ou reforçar suspeitas de irregularidade.
Quais são os impactos políticos e jurídicos para o PL e para o deputado?
O episódio ocorre em momento de alta visibilidade para o Partido Liberal e para suas principais lideranças no Congresso. A condição de líder do PL na Câmara coloca Sóstenes no centro do debate público, ampliando o impacto político da apreensão do dinheiro e da vinculação de dois deputados da sigla à Operação Galho Fraco.
Do ponto de vista jurídico, a PF deve aprofundar a análise de documentos, movimentações financeiras e possíveis conexões entre as cotas parlamentares e contratos suspeitos. O STF, responsável por autorizar medidas contra parlamentares com foro especial, acompanhará os relatórios da investigação, que segue em fase de apuração, sem denúncia formal ou definição de responsabilidade criminal até o momento.
FAQ sobre o caso Sóstenes Cavalcante
- O dinheiro apreendido estava em que tipo de local? O valor foi encontrado em um flat alugado pelo deputado, na região central de Brasília.
- O imóvel citado por Sóstenes Cavalcante está identificado publicamente? Até o momento, o parlamentar não informou publicamente a cidade nem a identificação do imóvel em Minas Gerais.
- Há outros investigados além de Sóstenes Cavalcante? Sim. O deputado federal Carlos Jordy, também do PL-RJ, foi alvo de mandados na mesma operação.
- A Operação Galho Fraco já resultou em denúncia formal? As informações divulgadas indicam que a operação está em fase de coleta de provas, sem indicação de denúncia finalizada até agora.