Na quinta-feira (11/12), a farmacêutica Eli Lilly apresentou novos dados sobre uma caneta emagrecedora experimental apelidada informalmente de Mounjaro 2.0, baseada na molécula retatrutida. Em estudo de fase 3, o medicamento promoveu uma redução média de 28,7% do peso corporal, resultado próximo ao observado em cirurgias bariátricas, o que chama atenção num cenário em que a obesidade segue em alta e os tratamentos farmacológicos ganham espaço.
Quais os resultados do novo estudo sobre Mounjaro 2.0?
Os resultados vêm do estudo TRIUMPH-4, que acompanhou pacientes durante 68 semanas, cerca de um ano e meio. A maioria tinha obesidade grave, com índice de massa corporal (IMC) acima de 35, grupo considerado de difícil manejo, no qual a nova caneta mostrou impacto expressivo na balança e em indicadores metabólicos.
A retatrutida foi aplicada em injeções semanais, em esquema semelhante ao de outras canetas emagrecedoras. Ao final de 68 semanas, a perda média de quase 29% do peso corporal superou remédios como tirzepatida (Mounjaro) e semaglutida (Ozempic e Wegovy), com alguns pacientes perdendo até 30 kg a mais que o grupo placebo.
Como a caneta emagrecedora Mounjaro 2.0 funciona no organismo?
A retatrutida é apresentada como possível evolução do Mounjaro e pertence à classe dos análogos de GLP-1. A tirzepatida, molécula base do Mounjaro, é um duplo agonista (GLP-1 e GIP), enquanto a retatrutida atua como triplo agonista, simulando GLP-1, GIP e também o glucagon.
Essa combinação mais ampla parece explicar a perda de peso mais acentuada, com redução média de cerca de 20,9% em tirzepatida após 72 semanas, frente aos quase 28,7% da retatrutida. O efeito metabólico mais intenso influencia apetite, gasto energético e controle da glicemia de forma integrada, aproximando o resultado de cirurgias bariátricas em termos de porcentagem de peso perdido.
Quais benefícios adicionais a retatrutida demonstrou nos estudos?
Além do impacto na balança, o TRIUMPH-4 avaliou pacientes com osteoartrite de joelho, condição frequente em pessoas com obesidade. Houve redução de 75,8% na escala de dor, o que pode atrasar ou até evitar cirurgias, como a artroplastia total de joelho, ao melhorar mobilidade e qualidade de vida.
O estudo também registrou melhora em diversos marcadores cardiovasculares. Abaixo, alguns desfechos adicionais monitorados, importantes em pessoas com obesidade grave e risco elevado de eventos cardíacos:
- Redução de colesterol não-HDL e triglicerídeos.
- Queda da proteína C reativa ultrassensível (marcador inflamatório).
- Redução da pressão arterial na dose mais alta.
- Potencial diminuição global do risco cardiovascular a médio prazo.
Quais são os efeitos colaterais da retatrutida?
O perfil de segurança do possível Mounjaro 2.0 foi semelhante ao de outros análogos de GLP-1. Os eventos adversos mais frequentes foram náusea, diarreia, constipação e vômitos, geralmente leves ou moderados, mais comuns no início ou em aumentos de dose, e em muitos casos manejáveis com ajustes e acompanhamento médico.
Apesar dos resultados promissores, a retatrutida continua em fase de avaliação e não pode ser comercializada. Os dados do TRIUMPH-4 são parte da etapa final antes do pedido de aprovação regulatória, previsto para ocorrer a partir de 2026, caso novos estudos de fase 3 confirmem eficácia e segurança em diferentes perfis de pacientes.
FAQ sobre o “Mounjaro 2.0” (retatrutida)
- A retatrutida já está disponível no Brasil ou em outros países? Não. A retatrutida ainda está em fase de pesquisa clínica e depende de aprovação de agências regulatórias antes de chegar às farmácias.
- Quem participou do estudo TRIUMPH-4? O estudo incluiu principalmente adultos com obesidade grave, com IMC acima de 35, acompanhados em centros de pesquisa ao longo de cerca de 68 semanas.
- A caneta emagrecedora substitui dieta e atividade física? Não. Mesmo nos estudos clínicos, os participantes recebem orientações de alimentação equilibrada e exercício, e o remédio é avaliado como um complemento a essas medidas.
- Já se sabe por quanto tempo o tratamento com retatrutida deve ser mantido? A duração ideal ainda está em estudo, e não há definição clara sobre por quanto tempo o uso deve continuar nem sobre o que acontece com o peso após a suspensão do medicamento.