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Pouco conhecido pelo eleitorado fora do Estado de Alagoas — terra de Renan Calheiros e Arthur Lira –, o deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) foi uma das estrelas da semana nas redes sociais. Gaspar fez as perguntas que todo brasileiro que “não fez o L” nas eleições gostaria de ter feito ao ministro Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) na Câmara dos Deputados. O auge foi ao questionar se o comunista “teria a mesma macheza” com as facções criminosas que teve com os manifestantes do dia 8 de janeiro, em Brasília. Dino disse que o deputado fora homofóbico ao usar o termo “macheza”.
Gaspar é estreante na Câmara dos Deputados. Trilhou carreira no Ministério Público estadual e foi secretário de Segurança Pública do Estado — ele gosta de dizer que, na sua gestão, tirou o estado do topo do ranking nacional da violência. Ele conversou com Oeste na sexta-feira, 31.
O senhor cobrou explicações do ministro Flávio Dino e ele se esquivou de praticamente todas. Por que acha que ele fez isso?
Quem compareceu na Comissão de Constituição de Justiça da Câmara dos Deputados não foi o ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, mas o histrião Dino. A imagem passada pelo convidado foi nitidamente de desconhecimento na temática da segurança pública.
Sua principal bandeira é o combate ao crime organizado e à corrupção. Como o senhor vê a atuação do ministro nessa área?
Para mim, ficou claro que além de não existir disposição desse governo nesse combate, não há plano institucional de enfrentamento ao crime organizado. O país demonstra que, sob o comando de Lula, irá retroceder fortemente no enfrentamento ao crime organizado violento e nos saques criminosos ao erário.
Essa pode ter sido a primeira oportunidade de confrontar Flávio Dino em público, mas o senhor vem falando dele desde que assumiu o mandato. Essa indignação não é de agora. Por que? E vai continuar cobrando?
Flávio Dino é um teórico, conhece o enfrentamento de bandido violento no ar-condicionado de seu gabinete. O Brasil é um país violento, e o ministro não parece disposto, nem tem demonstrado que combaterá com eficiência o crime organizado e à corrupção. Precisamos de combate ao crime organizado de forma enérgica, não adianta ter só “bocão” para prender “velhos terroristas e conduzir crianças”, a exemplo de janeiro deste ano.
“Macheza” é um termo comum no Nordeste para se referir a um homem ou mulher bravos. Por que acha que Dino associou a palavra à homofobia?
O ministro queria circo, infelizmente não se comportou à altura do cargo. Ele pareceu ter algum desconforto com a pergunta. Em nenhum momento fui homofóbico, se houve homofobia durante a audiência não foi em meu questionamento [ele se refere ao ataque de André Janones a Nikolas Ferreira].
Depois de quatro horas, faltou alguma pergunta a ser feita a Dino?
O acordo de procedimentos da CCJ só permitiu que eu tivesse três minutos para formular perguntas, então tive que ser econômico. Mas tentei escolher aqueles questionamentos mais importantes e assim seguirei fazendo. Tenho muitas outras perguntas que farei em oportunidades futuras.
Por muitos anos, Maceió foi uma das capitais mais violentas do mundo. E foi o senhor, como secretário de Segurança Pública que conseguiu reduzir esses índices. Como chegou a esses resultados?
Maceió e Alagoas passaram quase uma década na condição de capital e Estado mais violentos da Nação. Assumi a segurança pública em Alagoas nesse contexto. Fui promotor criminal durante 24 anos, período em que tive a honra de coordenar o Grupo de Combate ao Crime Organizado no Ministério Público Estadual e também em nível nacional, como presidente do Grupo Nacional de Combate ao Crime Organizado (GNCOC), além de ter sido procurador-Geral do Ministério Público alagoano, por duas vezes. O combate ao crime faz parte da minha trajetória. Mas o maior trunfo na redução dos crimes violentos no estado de Alagoas, foi o sentimento das polícias que enfrentavam o crime e sabiam que podiam confiar em mim, e não seriam abandonados.
Bandido não pode ter vez. A hipocrisia de proteção a criminoso não coube em minha gestão. Claro, investimentos do governo estadual, aliados à valorização profissional e integração foram fundamentais para a manutenção da redução de crimes e a retirada de Alagoas e da capital desses índices perversos. Valorizar e apoiar as polícias é o primeiro passo para reverter índices de violência.
Como o senhor vê a repercussão que o assunto rendeu nas redes sociais nesta semana?
Por onde trilhei meu caminho profissional, sempre o fiz com dedicação e princípios. Deus irá me ajudar a seguir em frente. Ser reconhecido ou criticado, faz parte da trajetória. Não vim à política, depois de deixar uma carreira vitoriosa no Ministério Público, abrindo mão do cargo, do conforto salarial e da aposentadoria, para fazer graça ou me enlamear. Irei lutar muito para continuar honrando minha história, minha trajetória e todos aqueles alagoanos e alagoanas que acreditaram em mim e me trouxeram até Brasília.
Créditos: Revista Oeste.