O encontro entre o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém nesta quinta-feira (4/12), reforçou o foco das atenções nas relações entre Brasil e Israel, em um momento de forte tensão diplomática entre os dois países. A visita, realizada no Knesset, foi marcada por referências religiosas, mensagens políticas e declarações sobre o conflito no Oriente Médio, repercutindo tanto no cenário internacional quanto no debate interno brasileiro.
Como foi o encontro de Eduardo Bolsonaro com Netanyahu em Israel?
O encontro entre Eduardo Bolsonaro e Benjamin Netanyahu foi interpretado como um gesto político de aproximação com o governo israelense em meio ao desgaste nas relações oficiais entre Brasil e Israel. A reunião ocorreu no Knesset, onde o parlamentar brasileiro também foi recebido por outras autoridades e reforçou sua imagem como aliado de Israel.
Entre essas autoridades, estava o presidente do Parlamento israelense, Amir Ohana, que fez declarações públicas sobre o deputado. Ohana classificou Eduardo Bolsonaro como um “defensor incansável da liberdade” e um “verdadeiro amigo de Israel”, sugerindo que, com lideranças alinhadas à sua visão, as relações Israel-Brasil poderiam voltar a ser “ótimas”. Veja a foto do encontro publicada por Eduardo Bolsonaro em sua conta no X:
(POR) "Quem abençoar Israel será abençoado e quem amaldiçoar será amaldiçoado". @netanyahu
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) December 4, 2025
(ENG) “Whoever blesses Israel will be blessed, and whoever curses it will be cursed.”
(HEB) מְבָרְכֵי יִשְׂרָאֵל יְבֹרָכוּ, וּמְקַלְלָיו יֵאָרוּ pic.twitter.com/LJb5pJmCnp
Qual a referência feita por Eduardo Bolsonaro?
A referência à Torá feita por Eduardo Bolsonaro durante a viagem teve papel central na forma como o encontro foi comunicado. Ao citar Números 24:9, texto dos cinco primeiros livros da Bíblia, considerados sagrados no judaísmo, o deputado buscou associar apoio político a um discurso religioso de solidariedade ao povo judeu.
Além da citação bíblica, o parlamentar publicou mensagens em que descreve Israel como estando “na linha de frente defendendo a civilização contra a barbárie”. Ele afirmou que grupos terroristas usariam a guerra como forma de sustento, rejeitariam a “solução de dois Estados” e praticariam violência extrema contra civis, aproximando esse discurso da memória do Holocausto ao citar Adolf Hitler.
Como está hoje a relação diplomática entre Brasil e Israel?
O pano de fundo da visita é o estado atual das relações diplomáticas entre Brasil e Israel, tensionadas desde declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 2024, Lula comparou a atuação de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto nazista, acusando o governo israelense de genocídio, o que gerou forte reação das autoridades de Israel.
Após essas declarações, Lula foi declarado persona non grata em Israel, elevando o nível da crise diplomática. Segundo Eduardo Bolsonaro, Amir Ohana destacou a diferença entre a postura do presidente brasileiro e a de parte da população do país, descrita pelo deputado como composta por “pessoas decentes”, alimentando um discurso de possível reaproximação futura sob outras lideranças.
Quais impactos a visita pode ter para o debate público no Brasil?
A ida de Eduardo Bolsonaro a Israel tende a repercutir principalmente no campo político interno e na disputa por narrativas sobre o conflito no Oriente Médio. O uso da Torá, a citação de Números 24:9 e o discurso de solidariedade a Israel podem estreitar laços com segmentos religiosos e grupos que defendem abertamente o Estado israelense, especialmente entre setores conservadores.
No cenário internacional, a presença de um parlamentar brasileiro no Knesset, elogiado por autoridades como Amir Ohana, envia o recado de que parte da classe política do Brasil busca preservar canais de diálogo com Israel. A médio prazo, gestos como esse podem influenciar debates sobre comércio, tecnologia de defesa, cooperação em segurança cibernética e alianças estratégicas, caso ocorram mudanças de governo ou de linha diplomática.
- Reforço de vínculos com eleitores evangélicos e grupos pró-Israel no Brasil.
- Pressão adicional sobre o governo brasileiro em temas de política externa.
- Sinalização a Israel de que há aliados na oposição brasileira.
- Possível impacto em futuros acordos de cooperação tecnológica e agrícola.
FAQ sobre encontro de Eduardo Bolsonaro com Netanyahu
- O que é o Knesset? O Knesset é o Parlamento de Israel, responsável pela elaboração das leis, fiscalização do governo e escolha do presidente do país.
- O que é a Torá citada por Eduardo Bolsonaro? A Torá é o conjunto dos cinco primeiros livros da Bíblia hebraica, considerados textos sagrados centrais do judaísmo.
- Por que Números 24:9 é frequentemente associado a apoio a Israel? O versículo menciona bênçãos para quem abençoa Israel e maldições para quem o amaldiçoa, sendo usado como símbolo de solidariedade ao povo judeu e ao Estado de Israel.