O anúncio de que os bombardeios terrestres na América Latina vão começar “muito em breve”, feito por Donald Trump na terça-feira (2/12), recolocou a região no centro do debate internacional sobre segurança, narcotráfico e uso da força militar, ampliando o alerta para um possível ataque direto em território de países latino-americanos, com foco especial sobre a Venezuela.
Qual o significado do alerta de Trump?
A expressão “bombardeios terrestres na América Latina” foi utilizada por Trump ao comentar operações contra barcos no Caribe e no Pacífico, ligadas ao combate ao narcotráfico. Embora não tenha citado nominalmente a Venezuela nesse momento, o contexto da declaração remete diretamente ao país governado por Nicolás Maduro, apontado por Washington como origem de embarcações suspeitas.
Relatos da imprensa norte-americana indicam que o governo dos EUA avalia há meses a possibilidade de atacar alvos militares dentro da Venezuela, como portos e aeroportos controlados por forças armadas. Esses locais seriam supostamente usados para o tráfico de drogas, o que elevaria a pressão militar a um novo patamar e poderia alterar o equilíbrio político e de segurança em toda a região caribenha. Veja a fala de Trump (reprodução/X/@g1):
Bombardeios terrestres na América Latina vão começar 'muito em breve', diz Trump https://t.co/GAHFm9dEjE #g1 pic.twitter.com/pY74CK6xnu
— g1 (@g1) December 3, 2025
Como a Venezuela está no centro das tensões com os Estados Unidos?
A escalada verbal de Donald Trump contra o governo de Nicolás Maduro inclui acusações de que o ditador venezuelano comandaria o chamado Cartel de Los Soles, grupo supostamente envolvido na produção e transporte de drogas. Essa narrativa serve de justificativa para a intensificação da presença militar norte-americana no Caribe e para o discurso sobre possíveis ofensivas por terra, reforçando o tom de confronto.
Maduro rebate as acusações e diz que o tema das drogas é usado como pretexto para uma tentativa de mudança de regime, alegando que fluxos significativos de narcóticos têm origem em outros países da América Latina. Em discursos públicos, ele pede que não haja guerra na região, usa frases em inglês como “no crazy war, yes peace” e afirma ter mantido conversas diretas com Trump sobre condições para uma eventual saída do poder.
Por que Trump fala em ataques por mar e por terra?
Donald Trump afirma que as operações contra o narcotráfico fazem parte de uma estratégia de segurança interna, relacionando diretamente drogas a mortes por overdose nos EUA. Em sua fala, mencionou que “essas pessoas mataram mais de 200 mil pessoas” em um ano, defendendo que os bombardeios a barcos já estariam reduzindo esses números e que a etapa em terra seria “mais fácil”.
Ao lado de Trump na reunião de gabinete estava o secretário de Guerra, Pete Hegseth, envolvido em polêmicas sobre possíveis crimes de guerra em operações anteriores. Segundo ele, os EUA estariam “mais seguros” porque narcotraficantes na região saberiam que podem ser mortos se tentarem levar drogas ao território norte-americano, reforçando um discurso de tolerância zero e uso intensivo da força militar.
Quais podem ser os impactos regionais dos bombardeios terrestres?
A possibilidade de bombardeios por terra em países latino-americanos levanta questões sobre soberania, direito internacional e estabilidade regional, com risco de reações diplomáticas em cadeia. Um ataque direto em solo venezuelano, ou em outro país da região, poderia provocar posicionamentos firmes de organismos multilaterais e de governos vizinhos, dividindo alianças e ampliando tensões.
Analistas e organizações de direitos humanos alertam que ações militares contra alvos ligados ao narcotráfico podem afetar comunidades locais e infraestruturas civis, dependendo da forma como forem conduzidas. Entre os principais riscos apontados para a região, destacam-se:
- Escalada de violência em áreas fronteiriças e rotas do tráfico.
- Deslocamento forçado de populações civis próximas a alvos militares.
- Crises diplomáticas entre EUA e países latino-americanos afetados.
- Fortalecimento de narrativas antiamericanas e de instabilidade política interna.
FAQ sobre Trump e Venezuela
- Os bombardeios terrestres já começaram? Até o momento indicado nas declarações citadas, Trump falou em ações que começariam “muito em breve”, mas não detalhou datas nem confirmou publicamente o início de ofensivas por terra.
- Quais países, além da Venezuela, podem ser afetados? Trump mencionou de forma genérica “qualquer país” que envie drogas aos EUA, o que inclui diversas rotas na América Latina, mas a atenção principal, segundo fontes e reportagens, recai sobre o território venezuelano.
- Esses ataques precisam de autorização de organismos internacionais? Em geral, operações militares em outro país costumam envolver debates na ONU e em instâncias regionais, mas governos podem optar por agir de forma unilateral, alegando defesa nacional e combate ao crime transnacional.
- As operações por mar e terra afetam apenas grupos criminosos? O objetivo declarado é atingir o narcotráfico, porém especialistas alertam que qualquer ação militar envolve risco de danos colaterais, especialmente em áreas onde civis vivem ou trabalham próximos a alvos militares, ou logísticos.