A creatina tornou-se um dos suplementos mais comentados entre praticantes de atividade física, especialmente em academias e centros esportivos. A substância é associada à melhora de desempenho, aumento de força e suporte ao ganho de massa muscular magra, mas seu uso é cercado por normas específicas no Brasil, principalmente quanto à forma de comercialização e consumo.
O que é creatina e por que ela é amplamente utilizada?
A creatina é um composto produzido naturalmente pelo organismo, principalmente no fígado, rins e pâncreas, e armazenado em grande parte nos músculos esqueléticos. Ela participa da produção de energia rápida, sendo relevante em atividades de alta intensidade e curta duração, como musculação, sprints e esportes que exigem explosões de força.
No mercado, a creatina é comercializada principalmente em pó, cápsulas ou tabletes, indicada para adultos saudáveis. Seu uso costuma integrar protocolos de treinamento orientados por profissionais, visando ganhos de desempenho, melhor recuperação entre séries e suporte ao aumento de massa muscular aliado a treino adequado e alimentação balanceada.
Por que a Anvisa restringe o uso de creatina em alimentos comuns?
Embora a creatina seja autorizada como suplemento alimentar para adultos, a Anvisa considera irregular sua inclusão em alimentos comuns, como picolés, doces, snacks ou bebidas prontas. A distinção está ligada à segurança do consumo, ao controle de dosagem e à proteção de grupos vulneráveis, como crianças e adolescentes.
Essa restrição busca evitar que a substância seja consumida de forma descontrolada e sem supervisão, o que pode ocorrer quando aparece em produtos de uso cotidiano. Entre os principais motivos técnicos apontados pela Anvisa, destacam-se:
- Dificuldade de controle de dose: em alimentos, o consumidor pode ingerir quantidades variáveis sem saber a porção de creatina presente.
- Público-alvo indefinido: doces, sobremesas e bebidas prontas são consumidos por crianças, adolescentes e idosos, para os quais o suplemento não é indicado de forma generalizada.
- Risco de uso crônico e excessivo: o consumo frequente pode levar a ingestões diárias superiores ao recomendado, sem acompanhamento profissional.
Quais são os riscos do uso inadequado de creatina?
Em adultos saudáveis, quando usada nas doses recomendadas, a creatina é considerada segura por diretrizes científicas e entidades regulatórias internacionais. O problema surge com consumo excessivo, falta de supervisão profissional ou presença de doenças pré-existentes, especialmente renais, que exigem maior cautela.
Profissionais de saúde costumam destacar limites diários em torno de 3 a 5 gramas, ajustados ao peso, sexo e condição clínica. Pessoas com doença renal, histórico familiar importante ou alterações em exames laboratoriais devem passar por avaliação médica prévia, pois o uso inadequado pode elevar a creatinina sérica e mascarar problemas renais.
Como avaliar a segurança da creatina em relação à função renal?
A creatina e a creatinina, embora relacionadas, têm papéis distintos no organismo e na prática clínica. A creatinina é um subproduto do metabolismo da creatina e é amplamente utilizada como marcador de função renal em exames de sangue e urina, orientando diagnósticos e condutas médicas.
Nos usuários de suplemento, é comum ocorrer pequena elevação de creatinina sem necessariamente significar dano renal, motivo pelo qual a interpretação dos exames deve ser feita por um profissional de saúde. Em alguns casos, avaliam-se também taxa de filtração glomerular, ureia e histórico clínico para diferenciar efeito do suplemento de possíveis doenças.
Como usar creatina de forma segura e em conformidade com a legislação?
Para quem considera usar creatina em suplemento, a orientação é iniciar sempre com avaliação de médico ou nutricionista, sobretudo em presença de doenças crônicas renais, hepáticas, cardiovasculares ou metabólicas. O produto deve ser regularizado, com procedência conhecida e rótulo claro sobre dosagem, público-alvo e modo de uso.
Além de respeitar as doses recomendadas, é importante manter boa hidratação diária, evitar misturar creatina a preparações que serão submetidas a calor excessivo ou estocadas por longos períodos e observar sinais como desconforto gastrointestinal ou alterações em exames de rotina. Do ponto de vista regulatório, a creatina deve ser oferecida em produtos classificados como suplementos alimentares para adultos, e sua presença em alimentos prontos tende a ser alvo de fiscalização pela Anvisa.