A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou, nesta segunda-feira (1/12), um pedido ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que o político seja autorizado a passar por avaliação com um cardiologista e um fisioterapeuta, em meio a relatos públicos sobre problemas cardiovasculares atribuídos ao ex-chefe do Executivo e à atenção crescente da opinião pública e do meio jurídico sobre o acesso à saúde de investigados e condenados.
Por que a defesa de Bolsonaro pediu cardiologista e fisioterapeuta?
O pedido formal da equipe jurídica de Jair Bolsonaro busca garantir acompanhamento especializado diante do quadro relatado de doença aterosclerótica do coração e possível comprometimento das artérias carótidas. A defesa argumenta que a avaliação por um cardiologista é necessária para medir o grau de obstrução das artérias, o risco de eventos agudos, como infarto, e a necessidade de procedimentos médicos específicos.
Além da consulta cardiológica, é mencionada a necessidade de fisioterapia focada em fortalecimento cardiovascular e reabilitação funcional, comum em pacientes com doença arterial coronariana ou alterações nas artérias carótidas. O objetivo é viabilizar recondicionamento físico supervisionado, redução de fatores de risco, como sedentarismo e hipertensão, e demonstrar que o pedido não é mero conforto, mas medida ligada à preservação da saúde.
Qual o alerta sobre a doença de Bolsonaro?
Segundo declaração de Carlos Bolsonaro (PL-RJ), o ex-presidente teria sido diagnosticado com doença aterosclerótica do coração, caracterizada pelo acúmulo de gordura, cálcio e outras substâncias nas artérias coronárias. Esse processo leva ao estreitamento dos vasos e pode reduzir o fluxo de sangue para o coração, elevando de forma relevante o risco de infarto do miocárdio.
Também foi mencionada estenose das carótidas, o acúmulo de placas nas artérias do pescoço responsáveis por levar sangue ao cérebro, aumentando o risco de AVC isquêmico. Nesses casos, são necessários monitoramento constante e exames de imagem, e a reabilitação fisioterapêutica cardiovascular pode incluir exercícios e orientações específicas para melhorar a tolerância ao esforço e reduzir novos eventos. Nas redes sociais, Carlos Bolsonaro fez um alerta sobre a situação atual do seu pai:
Qualquer pessoa com o mínimo de bom senso compreende que @jairbolsonaro, em liberdade e ao lado do povo nas ruas, possui uma força eleitoral capaz de multiplicar exponencialmente a eleição de senadores alinhados ao seu principal projeto – algo que ele próprio sempre afirmou… pic.twitter.com/PGbv2vzTOX
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) December 1, 2025
Como a fisioterapia cardiovascular pode ajudar nesses quadros clínicos?
Nesse cenário, a reabilitação fisioterapêutica cardiovascular é vista como ferramenta útil para muitos pacientes com doença aterosclerótica, inclusive aqueles com acometimento de carótidas. Programas bem estruturados são conduzidos por equipes especializadas e seguem protocolos de segurança definidos para cada perfil clínico.
Esses programas costumam contemplar um conjunto de medidas integradas, que vão além do simples exercício físico e incluem monitorização constante de parâmetros vitais e educação em saúde:
- Exercícios aeróbicos controlados, como caminhada em esteira ou bicicleta ergométrica;
- Treinos de fortalecimento muscular de baixa a moderada intensidade;
- Orientação postural e respiratória para melhorar a oxigenação;
- Acompanhamento de pressão arterial, frequência cardíaca e sintomas durante o esforço.
Como o caso de Bolsonaro se relaciona com Augusto Heleno?
O debate sobre saúde de figuras ligadas ao antigo governo ganhou outra camada quando a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou favoravelmente à prisão domiciliar do general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI. Em exame médico, ele informou ter doença de Alzheimer, condição neurodegenerativa associada à perda progressiva de memória e outras funções cognitivas.
Inicialmente, circulou a informação de que o diagnóstico teria ocorrido em 2018, mas a defesa esclareceu que a constatação formal teria sido feita em 2025, gerando questionamentos periciais. O ministro Alexandre de Moraes ainda não decidiu sobre a chamada prisão humanitária, solicitou documentos adicionais e pode requerer nova perícia, o que reforça o debate sobre idade avançada, doenças crônicas e o tratamento de presos vulneráveis.
Como o STF lida com pedidos de saúde de investigados e condenados?
Pedidos de atendimento médico especializado, internação, prisão domiciliar ou flexibilização de rotina com base em condições de saúde não são inéditos no Supremo Tribunal Federal. Em geral, a Corte exige laudos, exames complementares e pareceres de médicos assistentes e, muitas vezes, determina perícia independente para confirmar diagnósticos e avaliar gravidade.
Na prática, o STF costuma considerar alguns critérios recorrentes antes de deferir ou negar os pleitos, avaliando se o tratamento pode ocorrer no sistema prisional ou se exige alternativa mais branda:
- Gravidade da doença: se há risco imediato ou relevante à vida, ou à integridade física;
- Capacidade do sistema prisional: se existe estrutura para tratamento adequado no local de custódia;
- Idade e fragilidade: combinação de idade avançada com doenças crônicas que aumentem a vulnerabilidade;
- Alternativas de cumprimento: monitoramento eletrônico, prisão domiciliar ou acompanhamentos externos.
