Foto: Reprodução/Jamil Chade.
Eles estão de volta, com direito a assédio de outros empresários, cortejo, recepção na embaixada do Brasil e muito luxo.
Joesley e Wesley Batista, fundadores da multinacional J&F, estão mantendo sua agenda de reuniões na China, mesmo sem a presença da comitiva oficial do governo brasileiro e do cancelamento da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas com uma característica própria: o silêncio total diante da imprensa.
Neste domingo, os empresários circulavam com uma verdadeira corte pelo hotel de Pequim onde grande parte dos eventos ocorreria. Num dos restaurantes mais sofisticados do local, os dois irmãos distribuíam sorrisos, paravam para tirar fotos com outros empresários e trocavam número de telefone. Antes, tinham almoçado numa ala reservada do restaurante.
Segundo sua assessoria, as reuniões continuariam. Mas não foi informado com quem eles se encontraram. Joesley e Wesley foram incluídos na maior comitiva já montada pelo governo brasileiro para uma viagem ao exterior, causando desconforto dentro das próprias agências do estado.
Para o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, não existia motivo para não convidar os irmãos Batista. “É a maior empresa de carnes do mundo, que gera muitos empregos e eles cumprindo a legislação brasileira. Não tem motivo para não fazer parte da comitiva”, disse o ministro, numa coletiva de imprensa em Pequim. “Se alguém deve, que pague. Mas vamos olhar para frente”, afirmou.
O ministro confirmou que conversou com os dois empresários no hotel onde estão hospedados. Mas não entrou em detalhes.
Abordados por jornalistas brasileiros em duas ocasiões, os irmãos no centro de um amplo escândalo de corrupção apenas sorriam. “Eles não estão falando”, explicava a assessoria.
Recebidos na embaixada
Os irmãos ainda foram recebidos individualmente neste domingo pela embaixada do Brasil em Pequim, apesar de a comitiva oficial ser composta por mais de uma centena de empresários.
Ao chegarem perto do portão do local, não precisam sequer se identificar e entraram imediatamente. Nenhuma segurança ou apresentação de documentos. O segurança chinês na porta não ousou fazer qualquer pergunta.
Repleta de simbolismo, a visita marca a normalização da relação dos empresários e a diplomacia nacional. Ao fundo, uma reprodução da tela O Abapuru de Tarsila do Amaral ornamentava a cena do retorno da JBS.
Ao deixar o local, Joesley voltou a se recusar a explicar o motivo da visita à sede da diplomacia brasileira na China. “Estamos chegando aqui agora”, justificou. A embaixada explicou que “a JBS foi recebida hoje na embaixada para apresentar o panorama das exportações da empresa para a China”.
CréditoS: UOL.