Mariana Requena abriu o boletim de ocorrência em novembro do ano passado, e o suspeito ainda não foi identificado
Uma mulher de 25 anos procurou uma delegacia e alegou ter um “stalker na vida real” após ter descobrerto que tem sido observada por um dos vizinhos do condomínio onde mora, no bairro Loteamento Industrial Machadinho, em Americana, no interior de São Paulo.
Mariana Requena usou sua conta no TikTok para contar os dias aterrorizantes que têm vivido nos últimos meses em seu condomínio. “Ele não fica me observando nas redes sociais, ele me vigia dentro do meu apartamento”, contou.
Stalker da vida real
A assessora de imprensa se mudou para a cidade a trabalho, sozinha, há menos de um ano. Por volta das 22h da noite de 8 de novembro, recebeu um telefonema pelo interfone do apartamento. Do outro lado da linha, um homem perguntou se ela era a nova moradora do local. Preocupada e assustada, ela confirmou a informação e quis saber o motivo da pergunta.
O vizinho, que se identificou como o morador da frente, disse que estava preocupado com a jovem. “Tem um homem observando você pela janela”, falou na ligação. Mariana tentou manter a calma e não demonstrar reação.
Por telefone, o morador contou que já fazia dias que ele via um homem observando Mariana pela janela, que fica no hall do andar entre os apartamentos, mas aquele dia foi a gota-d’água. Ele gravou a situação e encaminhou o vídeo para a jovem.
“Eu sozinha em casa, longe da minha família, liguei chorando desesperada para o meu namorado, que tentou me acalmar”, contou a mulher.
O homem vigiava a sala do apartamento de Mariana pela janela, que fica no hall do prédio
REPRODUÇÃO
Desesperada, Mariana pediu ajuda ao síndico do condomínio, mas não obteve apoio. A administração do local até chegou a dizer que teria uma suspeita de quem seria o morador envolvido no caso, mas não revelou. “Eles disseram que estava fora da alçada deles, que eles não poderiam fazer nada e que eu deveria ligar para a polícia. Foi o que eu fiz”, disse.
Segundo Mariana, o subsíndico teria informado que o condomínio não queria se envolver por não ter como tomar as providências cabíveis para o caso. “Eles disseram que se denunciassem o suspeito, o homem poderia alegar que estava apenas olhando para baixo pela janela e processar o lugar. Eles não querem isso”, explicou a jovem.
Denúncia
Na delegacia, Mariana contou o ocorrido e mostrou a gravação feita pelo vizinho da frente. O boletim de ocorrência foi aberto como não criminal e encaminhado para a Delegacia de Defesa da Mulher. “Eu fiquei com muito medo quando tudo aconteceu, e o pior é não saber quem é. Quem é essa pessoa? Será que ele está me seguindo fora do condomínio? Será que ele sabe minha rotina?”, questionou a jovem.
Mariana disse ter mudado os hábitos para evitar possíveis perseguições do stalker. O delegado a orientou a ficar alerta, mas continuar vivendo a vida. “Quinze dias se passaram, e eu achei que o homem tivesse parado de me vigiar, até que dei de cara com ele me olhando pela janela, em uma segunda-feira à noite”, contou.
A mulher manteve a cortina fechada por todos esses dias, mas decidiu abrir porque fazia muito calor naquela noite. “Ele percebeu que eu o vi e tentou se esconder. Ele se abaixou e tentou disfarçar, mas isso acabou entregando tudo. Em seguida ele correu em direção ao apartamento do lado, o que me fez suspeitar de que ele era o meu vizinho de porta”, falou.
Mariana foi novamente à delegacia contar o que tinha acontecido. O delegado chamou o vizinho do apartamento ao lado para depor, mas a investigação e a própria jovem constataram que se tratava de outra pessoa. “Quem me observa é uma pessoa mais velha, e esse meu vizinho é bem mais novo, tipo da minha idade”, disse a mulher.
Insegurança
Meses após ter feito a denúncia, o caso ainda não foi solucionado. De acordo com testemunhas, o stalker continua observando o apartamento de Marina pela janela, mas ninguém sabe dizer ao certo quem é o suspeito.
Segundo a denunciante, a polícia teria dito que a função de identificar o suspeito é responsabilidade dela e que, após isso, poderia dar continuidade à investigação. “A sensação que fica é de insegurança. Mesmo tentando buscar as autoridades, nada é resolvido. Eu nem sei quem é essa pessoa”, disse Mariana.
A SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) emitiu uma nota a respeito do caso:
“O caso foi registrado como perseguição na DDM de Americana. A vítima, de 25 anos, compareceu à delegacia e contou aos policiais que reside em um condomínio e que, há uns meses, notou que um dos seus vizinhos, não identificado, a estaria observando continuamente pela janela do seu apartamento. Após as diligências de polícia judiciária, o termo circunstanciado foi remetido e encaminhado à Justiça.”