Em um movimento que representa uma das maiores repressões contra as forças militares em décadas, o Partido Comunista da China anunciou na sexta-feira (17/10) a expulsão de nove generais de alto escalão. A decisão é parte de uma agressiva campanha anticorrupção, com todos os envolvidos sendo suspeitos de estarem ligados a “crimes financeiros graves“. Esta medida ocorre em um momento crucial, já que uma plenária está prestes a acontecer para discutir planos econômicos e a possível adição de novos membros ao partido.
A maioria dos oficiais expulsos eram generais de três estrelas, ocupando cargos relevantes no Comitê Central do partido, um dos principais órgãos decisórios. Entre os nomes revelados estão figuras influentes como He Weidong, que desempenhava a função de vice-presidente da Comissão Militar Central, e Miao Hua, diretor do departamento de trabalho político. A repercussão deste expurgo foi significativa, não apenas pelo número de oficiais envolvidos, mas também pelo nível hierárquico dos mesmos no exército.
Qual o impacto político do caso?
Especialistas avaliam que, embora a iniciativa do Partido Comunista contra a corrupção seja evidenciada, também pode haver uma motivação política por trás das expulsões. Este contexto se revela especialmente relevante à luz da iminente plenária do partido, que abordará o desenvolvimento econômico do país e a admissão de novos membros. A expulsão sob a suspeita de corrupção pode, portanto, ser vista também como um mecanismo para consolidar controle e lealdade dentro do partido.
He Weidong, com sua expulsão altamente noticiada, destacou-se entre os envolvidos. Considerado o segundo oficial de maior patente nas Forças Armadas da China, Weidong estava atrás apenas de Xi Jinping. Sua ausência da vida pública desde março levantou especulações sobre uma possível investigação. Além disso, sua posição no Politburo, o mais alto órgão de tomada de decisões do país, torna sua expulsão um marco no combate à corrupção interna.
Quais as consequências para o exército da China?
A remoção desses oficiais de alto escalão terá, sem dúvida, repercussões dentro das Forças Armadas da China. A confiança entre os membros do partido e do exército pode ser posta à prova, especialmente à medida que a liderança busca restabelecer a disciplina e a lealdade. Para o presidente Xi Jinping, esta ação pode ser vista como um esforço para reforçar sua autoridade e continuar consolidando seu poder dentro do Partido Comunista.
O Ministério da Defesa da China declarou em nota que os generais “violaram gravemente a disciplina partidária” e estavam envolvidos em crimes graves relacionados às suas funções. Os delitos envolviam quantias consideráveis de dinheiro e eram considerados de natureza extremamente grave e prejudicial.
As ações recentes refletem uma parte contínua do esforço do Partido Comunista Chinês para purificar suas fileiras e garantir uma governança eficiente e disciplinada. Neil Thomas, pesquisador da política chinesa no Asia Society Policy Institute, observou que o objetivo pode ser uma tentativa de Xi Jinping projetar poder e influência dentro do partido. Segundo ele, eliminar quadros corruptos ou desleais é parte do que Xi chama de autorrevolução do Partido para se tornar uma organização capaz de governar indefinidamente com mais eficácia e retidão.
FAQ sobre China
- Quais são os principais impactos desta operação nas políticas internas do Partido Comunista da China? Esse movimento fortalece a posição do presidente Xi Jinping, colocando-o como um líder capaz de enfrentar a corrupção mesmo nas altas esferas do poder militar. As expulsões podem instilar temor e lealdade entre os demais membros do partido, corrigindo possíveis focos de oposição interna.
- Como isso afeta a imagem internacional da China? Internacionalmente, pode demonstrar um forte compromisso com a transparência e a integridade, embora também desperte preocupações sobre possíveis manipulações políticas e silenciamentos de dissidentes sob o pretexto de combater a corrupção.
- Por que a expulsão desses generais é considerada uma das maiores repressões militares em décadas? Devido ao número significativo de oficiais de alta patente envolvidos e à influência que eles exercem no Comitê Central, essa ação é vista como excepcionalmente severa e sem precedentes na história recente do modernização militar da China.