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A fala do deputado estadual do Mato Grosso do Sul José Orcírio Miranda (PT) condenando a invasão da fazenda de um amigo por indígenas no município de Rio Brilhante foi criticada nas redes sociais, inclusive por petistas.
Durante sessão da Assembleia Legislativa na última quinta-feira (9), o parlamentar, conhecido como “Zeca do PT”, afirmou que a propriedade de um amigo foi invadida e que não há estudos que definam a fazenda como terra indígena.
“É uma barbaridade o que se está fazendo com o companheiro, amigo Raul em sua propriedade em Rio Brilhante. De um lado porque não se tem nenhum estudo antropológico definido para dizer que é terra indígena e, do outro, dois ônibus com aproximadamente 80 indígenas ‘derramados’ lá, agora trancaram o portão, ocuparam a sede da fazenda de 400 hectares, proibindo Raul e sua família de tirar de lá aproximadamente sete mil sacas de soja que foram colhidas”, disse.
O deputado alega ter alertado autoridades do Governo Federal a respeito da situação no Mato Grosso do Sul.
“É uma vergonha […] Não contem comigo essa gente que, sem nenhuma razão, ocupa e invade propriedades produtivas, gerando insegurança jurídica”, acrescentou.
Nas redes sociais, o secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas, Eloy Terena, criticou o posicionamento do parlamentar.
“Lamentável o pronunciamento do deputado Zeca do PT na Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, ao questionar a revindicação legítima dos Guarani e Kaiowá ao seu território tradicional. Laranjeira Nhanderu é terra indígena, possui estudo antropológico e é espaço essencial para sobrevivência física e cultural dos GK”, escreveu.
Em nota enviada à CNN, o deputado diz essa também é a posição do governo Lula. “Tanto eu quanto o governo Lula estamos 100% comprometidos com a reforma agrária e a demarcação de terras indígenas. Porém, não será com ocupações ou invasões que vamos contribuir com esse processo”, informou.
Veja a íntegra da resposta do deputado Zeca do PT
“Aos que me atacam por minha posição em defesa da legalidade, saibam que essa também é a posição do governo Lula.
Minha história de militância pelos movimentos sociais – como filiado do PT, deputado estadual, governador, vereador e deputado federal – sempre se pautou por lutar pela aprovação de leis que beneficiassem os trabalhadores sem terra, os povos indígenas, os quilombolas e as famílias mais pobres. Portanto, seria um contrassenso pregar ou apoiar violações legais.
Tanto eu quanto o governo Lula estamos 100% comprometidos com a reforma agrária e a demarcação de terras indígenas. Porém, não será com ocupações ou invasões que vamos contribuir com esse processo.
Há uma demanda enorme reprimida por conta dos últimos anos, quando essas duas pautas estiveram esquecidas e abandonadas pelo governo federal. Porém, agora que Lula reassumiu a Presidência, precisamos ter paciência, pois a herança de Bolsonaro foi um orçamento destroçado, que precisa ser recomposto, com responsabilidade fiscal, para que seja possível destinar recursos para a aquisição de terras a fim de cumprir com esses compromissos.”
Créditos: CNN Brasil.