Nesta quarta-feira (8/10), a plataforma Meta, que opera algumas das maiores redes sociais do mundo, encontrou-se no epicentro de uma controvérsia legal com o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil. O problema gira em torno da determinação do ministro Alexandre de Moraes, que exigiu que a Meta fornecesse dados cadastrais de contas responsáveis por ameaças ao ministro Flávio Dino. Este pedido de entrega de dados gerou uma discussão intensa sobre jurisdição e proteção de dados, especialmente em um cenário globalizado onde as fronteiras digitais muitas vezes são indistintas.
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, ordenou que a Meta e outras plataformas sociais enviassem diretamente os dados cadastrais de contas que publicaram ameaças contra Dino. Essas ameaças surgiram em meio ao voto de Dino na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, em uma ação sobre tentativa de golpe. A Polícia Federal do Brasil, além disso, já havia identificado um padrão ameaçador associado a diversas contas, incluindo posts dirigidos não só ao ministro, mas também ao delegado da Polícia Federal, Fábio Shor.
Por que a Meta não pode entregar os dados diretamente?

Segundo informações do Metrópoles, a Meta argumenta que não pode cumprir a decisão de Alexandre de Moraes, pois as contas envolvidas se encontram fora da jurisdição brasileira. De acordo com a empresa, essas contas estão localizadas nos Estados Unidos, Portugal e Argentina. Deste modo, fornecer diretamente os dados violaria um entendimento do próprio STF, explicitado na Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 51.
O acórdão da ADC 51 estabelece que a solicitação direta de dados é permitida apenas quando os crimes são cometidos por indivíduos localizados em território nacional. Em virtude disso, a Meta solicitou que a obtenção dos dados das contas fora da jurisdição brasileira aconteça por meio de mecanismos de cooperação jurídica internacional. Essa estratégia busca respeitar as regras legais de cada nação envolvida no cenário.
Cooperação jurídica internacional refere-se aos acordos e práticas desenvolvidas entre países para lidar com questões legais transnacionais. Em casos que envolvem redes sociais e ameaças online, essa cooperação garante que as ações legais respeitem a soberania de cada país e sejam executadas dentro das normas estabelecidas globalmente. O requerimento da Meta para usar esse mecanismo reforça a complexidade de aplicar leis nacionais em um universo digital que funciona além das fronteiras.
Qual é o impacto das milícias digitais?

As milícias digitais representam um grande desafio para a segurança cibernética e a justiça internacional. Elas são organizadas para orquestrar campanhas de desinformação e ameaças, utilizando a anonimidade da internet como escudo. As ameaças feitas ao ministro Flávio Dino destacam a influência e o perigo dessas milícias, especialmente em um contexto político sensível. A Polícia Federal investiga a ligação entre essas ações e eventos políticos recentes no Brasil, reforçando a necessidade de táticas sofisticadas para mitigar esse tipo de ameaça.
Além de ameaçar figuras públicas, essa atividade impacta a percepção pública e a estabilidade política, tornando-se uma questão de segurança nacional. Combater tais milícias requer harmonia entre forças de segurança nacionais e internacionais, cooperação com plataformas digitais e a implementação de estratégias robustas de monitoramento de dados.
FAQ sobre Meta
- A Meta pode ser penalizada por não entregar os dados? É possível que a Meta enfrente consequências legais, dependendo do desfecho das negociações e da avaliação do STF sobre tentativas de cooperação pela empresa. No entanto, a tentativa de buscar uma solução por meio da cooperação jurídica internacional pode influenciar na decisão final sobre penalizações.
- Como funciona a declaração de ADC 51? A Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 51 é um entendimento que regula a requisição direta de dados em casos onde os crimes são cometidos por indivíduos no território nacional, visando proteger a soberania das leis locais em relação à entrega de dados provenientes de jurisdições distintas.
- O que são milícias digitais? Milícias digitais são grupos organizados na internet, formados para difundir desinformação e realizar ameaças sob a proteção do anonimato proporcionado por redes sociais, possuindo grande impacto em ambientes de instabilidade política e social.