Preso desde sábado (4) por suspeita de extorquir fazendeiros no interior de São Paulo, o líder do movimento Frente Nacional de Lutas (FNL), José Rainha Júnior, é acusado de cobrar até R$ 2 milhões para devolver uma fazenda invadida pelo grupo de sem terras em 2021.
Segundo a Polícia Civil, José Rainha, junto com o coordenador nacional da FNL, Luciano de Lima, e Cláudio Ribeiro Passos, o “Cal”, lideram uma quadrilha que teria extorquido seis fazendeiros da região do Pontal do Paranapanema, no interior paulista. No domingo (5), eles passaram por audiência de custódia e foram mantidos na prisão.
Uma das vítimas, segundo inquérito policial, foi a fazendeira Maria Nancy, da cidade de Rosana, que fica a 730 quilômetros da capital paulista. Em depoimento, ela afirmou que o trio pediu R$ 2 milhões e 20 alqueires de terra para devolver a fazenda dela, invadida em outubro de 2021.
Ela contou aos policiais que foi procurada, após a invasão, pelo advogado Cirineu Dias, que manifestou interesse em comprar a propriedade. Ele aparece em uma foto ao lado de Rainha e Lima.
O advogado, segundo o depoimento da fazendeira, afirmou que por causa da invasão de sua fazenda por cerca de 200 integrantes da FNL “teria que pagar José Rainha.”
A vítima afirmou ainda que João Batista, que se apresentou como amigo íntimo de José Rainha, lhe aconselhou ser “a melhor saída” fechar um acordo, pois caso não o fizesse, “correria o risco de ficar sem nada.”
“João ainda lhe disse que José Rainha, não fazia acordo pequeno, e que se o acordo fosse feito José Rainha levaria com facilidade os acampados para outro local, e poderia garantir que ela [fazenda] não seria invadida novamente”, afirma outro trecho do documento da polícia.
Nancy, segundo o relatório policial, ofereceu R$ 700 mil aos invasores, mas sem abrir mão de qualquer pedaço de terra. O próprio José Rainha teria afirmado, de acordo com a vítima em depoimento, que não poderia abrir mão dos 20 alqueires.
Em nota divulgada no domingo, os advogados Raul Marcelo e Rodrigo Chizolini, que representam os líderes da FNL, afirmaram que Rainha e Lima são “dois trabalhadores do campo que lutam por justiça social e reforma agrária” e que “vão utilizar, dentro da lei, todos os recursos necessários” para que eles sejam soltos.
A FNL afirmou que a ação da policial teve “cunho político” e foi uma “retaliação” às ocupações de nove fazendas feitas em fevereiro, em ação batizada como “Carnaval Vermelho”, o que a polícia nega.
Com informações de Metrópoles