Foto: Roberta Aline/ MDS
“Contra fatos não há argumentos”: refutando a falácia com a realidade de velhos problemas na recriação do novo Bolsa família
Dizer que “contra fatos não há argumentos” parece ser uma afirmação devastadora. A ideia é que uma referência à “realidade” seria capaz de provar a validade do que se está debatendo; O que causa espanto é o Bolsa Família ainda ter a dimensão e a importância que tem ainda em 2023. Presidente Lula da Silva assinou na quinta-feira passada a medida provisória (MP) que recriou o Bolsa Família, agora sob novos parâmetros. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, 20 milhões de famílias serão atendidas pelo programa remodelado, o que corresponde a cerca de 55 milhões de pessoas. Além do benefício mínimo, no valor de R$ 600, foram criados dois benefícios complementares, promessas de Lula durante a campanha eleitoral: um adicional de R$ 150 por criança de até 6 anos de idade na composição familiar; e o benefício “Renda e Cidadania”, de R$ 50, que será pago a cada membro da família com idade entre 7 e 18 anos incompletos e às gestantes.
é uma vergonha para a sociedade brasileira o fato de que, passadas duas décadas desde a criação do Bolsa Família, ainda haja tantos milhões de cidadãos que dependem do benefício estatal para sobreviver. Não há evidência mais cabal do absoluto fracasso de do programa, em acabar com a miséria no País. Por óbvio, não se trata de supor, ingenuamente, que no espaço de 20 anos fossem superadas as causas que constituíram a desigualdade como um traço distintivo da formação nacional.
No entanto esse jornal não se opõe a programas de transferência de renda, acreditamos que o nosso pais ainda não possa renunciar de um bom programa de transferência de renda, o que nos preocupa é que faltam portas de saída para este programa, uma excelente porta de saída a curto prazo são os cursos profissionalizantes e a longo prazo investimentos em educação básica que integrariam esse mecanismo de saída.
O problema, portanto, não é o Bolsa Família em si, mas sua perpetuação, até como ativo eleitoral. Um estadista estaria ocupado em criar as condições que permitam que cada vez mais brasileiros resgatem sua cidadania e cada vez menos dependam do Estado para viver.