Foto: Alex Brandon
O governo dos Estados Unidos expressou seu descontentamento com a permissão dada pelo governo brasileiro para a atracação de navios iranianos no porto do Rio de Janeiro. Um porta-voz do Departamento de Estado americano classificou a decisão como “errada” e afirmou que o país é o único da região a adotar tal medida. A frota de guerra iraniana, composta pelos navios Iris Makran e Iris Dena, foi autorizada a atracar no porto carioca em 26 de fevereiro e deve permanecer na Baía de Guanabara até 4 de março.
A autorização inicial para a atracação dos navios havia sido emitida em janeiro, mas foi adiada em razão da sensibilidade diplomática do movimento. O governo americano esperava que o Brasil não permitisse a chegada das embarcações, que pertencem a um regime acusado de reprimir brutalmente seu próprio povo, fornecer armas para a Rússia e engajar-se em terrorismo e desestabilização da proliferação de armas pelo mundo.
A pressão americana para que o Brasil revogasse a autorização gerou protestos de parlamentares republicanos, que pediram a aplicação de sanções contra o país. No entanto, o encontro entre o secretário de Estado americano e o chanceler brasileiro, nesta quinta-feira (2), não levantou a questão dos navios iranianos. Fontes envolvidas no encontro afirmam que os EUA “entenderam o recado” de que a questão envolve a soberania do Brasil e sua relação com outro país soberano.
Desde o início da nova relação bilateral entre os governos Lula e Biden, os dois países têm buscado interesses políticos comuns. No entanto, a questão dos navios iranianos gerou um tom severo das declarações da diplomacia americana, indicando o nível do incômodo com a decisão brasileira. O Itamaraty, por sua vez, defende a posição de que o Brasil é um país soberano e pode tomar suas próprias decisões sobre como se relacionar com o Irã.