Se você vai enfrentar uma perícia médica do INSS, entender quais comportamentos podem prejudicar o seu processo é fundamental. O advogado Ícaro Bonfim, especialista em benefícios previdenciários (OAB/PB 22.554), explica que muitos pedidos são negados não por falta de direito, mas por erros simples cometidos durante o atendimento com o perito.
Com quase 23 mil seguidores no TikTok, onde compartilha orientações práticas sobre benefícios do INSS (@icarobonfimadv), o especialista destaca três tipos de pessoas que mais se complicam nesse momento. Neste artigo, vamos entender quem são esses perfis, por que eles prejudicam o resultado da perícia e como se preparar corretamente, sempre com respaldo em fontes confiáveis como o Ministério da Previdência Social e o próprio INSS.
Quais são os perfis que mais se prejudicam na perícia do INSS?
Durante uma perícia médica do INSS, três tipos de comportamento são especialmente prejudiciais, segundo o Dr. Ícaro Bonfim. O primeiro deles é o do “falador”, a pessoa que, na tentativa de convencer o perito, acaba falando demais e se contradiz. Isso pode colocar em dúvida a veracidade dos sintomas relatados, comprometendo o processo de avaliação.
O segundo tipo é o desorganizado. Esse perfil chega com os documentos médicos fora de ordem, amassados ou incompletos, o que dificulta a análise objetiva por parte do perito. Já o terceiro e mais problemático é o exagerado, que aumenta ou inventa sintomas achando que isso vai facilitar a concessão do benefício. Na prática, essa atitude gera desconfiança e pode levar à negativa do auxílio, mesmo que a pessoa realmente tenha direito.

Por que exagerar os sintomas pode prejudicar o pedido de benefício?
A tentativa de aumentar sintomas é uma armadilha comum, mas que raramente funciona. Ao contrário do que muitos pensam, peritos médicos do INSS são treinados para identificar inconsistências entre o que o segurado relata e o que está documentado nos exames. Quando há exagero, o perito pode desconfiar da veracidade das informações e considerar que o pedido está sendo feito de má-fé.
Além disso, esse comportamento pode levar à negação do benefício por falta de elementos objetivos. Mesmo quando há uma real incapacidade laboral, o exagero tira a credibilidade do relato. Segundo o INSS, os laudos e exames devem ser claros, objetivos e condizentes com os sintomas apresentados, sem teatralizações ou dramatizações desnecessárias.
Como se organizar para levar os documentos certos na perícia do INSS?
A desorganização na hora da perícia é outro erro grave. Quando o segurado apresenta documentos soltos, rasurados, antigos ou irrelevantes, dificulta o trabalho do perito e compromete a avaliação correta da condição de saúde. É essencial reunir laudos recentes, exames atualizados e um atestado médico detalhado, assinado por profissional habilitado e com data próxima à perícia.
Segundo o Ministério da Previdência Social, os documentos mais relevantes são os que apresentam CID (Classificação Internacional de Doenças), tempo estimado de afastamento e limitações funcionais descritas. Ter esses papéis separados, limpos e organizados cronologicamente pode fazer toda a diferença no resultado da análise.

O que o comportamento do segurado revela durante a perícia?
A forma como o segurado se comporta na sala da perícia médica também influencia diretamente na decisão. O falador, como alerta o Dr. Ícaro Bonfim, acredita que explicar demais vai comover o perito, mas o excesso de informação pode gerar contradições ou incoerência com os documentos. O ideal é responder apenas o que foi perguntado, com clareza e objetividade.
Além disso, atitudes defensivas ou agressivas podem ser interpretadas como má intenção ou tentativa de manipular a análise. O perito avalia tanto a documentação quanto o comportamento, postura, tom de voz e coerência entre fala e exames. Ser direto, respeitoso e transparente é a melhor forma de demonstrar necessidade real do benefício.
Quais são os documentos obrigatórios segundo o próprio INSS?
De acordo com o portal oficial do INSS (gov.br/inss), os principais documentos exigidos para uma perícia médica incluem RG, CPF, laudos médicos recentes, exames complementares e atestados que contenham: identificação do profissional com CRM ou RMS, data, diagnóstico (CID), tempo estimado de afastamento e assinatura. O órgão também recomenda que os exames estejam dentro do prazo de validade e sejam legíveis.
O Ministério da Previdência reforça que informações incompletas ou documentos falsos podem levar à negativa, ou até à responsabilização legal. Por isso, é fundamental apresentar apenas informações verdadeiras, com provas médicas consistentes. Não há necessidade de tentar “convencer” emocionalmente o perito, apenas apresentar os fatos com clareza e organização.
Como evitar ser um desses três perfis na perícia do INSS?
Evitar os erros mais comuns durante a perícia do INSS exige preparação e bom senso. Para não cair no perfil do falador, o ideal é treinar respostas claras, sem se estender ou tentar criar justificativas além do necessário. No caso do desorganizado, a dica é montar uma pasta com todos os documentos por ordem de data, separando exames de laudos e mantendo tudo legível.
Já o exagerado precisa lembrar que o perito avalia fatos, não sentimentos. Exagerar os sintomas pode colocar em dúvida até os laudos verdadeiros. Em vez disso, a melhor estratégia é manter a postura firme, mas tranquila, apresentar os documentos corretos e responder o que for perguntado com sinceridade. Isso demonstra respeito ao processo e aumenta as chances de uma decisão favorável.
Fontes oficiais consultadas para este conteúdo
- Ministério da Previdência Social – www.gov.br/previdencia
- INSS – www.gov.br/inss
- Lei nº 8.213/91 – Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social