Deterioração de expectativas de inflação apontada pelo boletim Focus nesta quarta-feira ajudou a levar taxas para o alto, enquanto a bolsa registrou queda de quase 2%
Passado o feriado, hoje foi dia de ajustes para os investidores nacionais, após os dias longe do mercado. Nesta quarta-feira, o Banco Central divulgou uma nova edição do boletim Focus, que apontou nova piora nas expectativas de inflação.
De acordo com o documento, a inflação esperada para este ano subiu novamente nesta leitura. É a 10ª vez consecutiva que os especialistas ouvidos pelo BC aumentam o IPCA para o fim do ano (agora em 5,89%). O problema maior, no entanto, é que as expectativas para 2024, que é considerado o “horizonte relevante” para a autoridade monetária, também têm se deteriorado e estão se aproximando do limite da meta para o ano que vem (4,5%). O Focus aponta para uma pressão sobre os preços de 4,02% no final de 2024 – a quinta alta consecutiva no índice.
O movimento de desancoragem das expectativas inflacionárias pressionou a curva de juros futuros na volta do feriado, com alta nas taxas para todos os prazos de vencimento. A piora no sentimento também sofreu influência dos juros nos Estados Unidos, após a ata do FED (Federal Reserve) indicar juros mais altos por mais tempo por lá também.
O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, também se readequou aos preços internacionais e fechou em queda de 1,85%, aos 107,1 mil pontos. O ajuste refletiu a forte queda dos ativos norte-americanos durante o período de carnaval. Para se ter uma ideia, das 88 ações que compõem o índice, apenas seis fecharam no positivo nesta quarta-feira. Entre os destaques negativos, os frigoríficos estiveram nas maiores quedas com noticiário indicando suspeita de caso de “mal da vaca louco” no Brasil.