Segundo a escola de samba carioca, o Grito do Ipiranga deu início à história de uma nação excludente e desigual
Foto: Reprodução/Wikimedia Commons
Durante o desfile na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, a Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis deve promover ataques à Independência do Brasil e sugerir mudanças na bandeira do país.
Conforme a Beija-Flor, o Grito do Ipiranga deu início à história de uma nação excludente e desigual. A emancipação brasileira dos portugueses, proclamada por D. Pedro I, ocorreu pelo sacrifício da população e em benefício dos colonizadores. É o que dizem os ideólogos da escola de samba, que deve se apresentar na Sapucaí na madrugada desta segunda-feira, 20, às 2 horas.
Portanto, a Beija-Flor propõe um novo marco de celebração da independência nacional: o 2 de julho de 1823. Nesse dia, os baianos expulsaram as tropas portuguesas e declararam a independência do Estado. A vitória ocorreu depois de um ano e cinco meses de batalhas, que envolveram aproximadamente 25 mil soldados. Desses, 2 mil morreram.
Troca de bandeira
Mas não é só isso. No fim do mês passado, a Beija-Flor convidou a Criola, organização que atua em defesa dos direitos da mulher negra, para construir uma nova bandeira para o Brasil. A princípio, estaria fora o verde, o amarelo e o azul, além da frase “Ordem e Progresso”. A escola de samba não informou, no entanto, quais cores e lemas entrariam na nova bandeira.
Além disso, a Beija-Flor deve enfatizar a “defesa dos povos indígenas”. “As guerras da conquista”, diz a escola de samba, “evidenciam o caráter brutal, aniquilador e violento do encontro entre os europeus e aqueles que já habitavam este território há milhares de anos”. De lá para cá, o Brasil teria submetido seus indígenas a terrores como “o genocídio e o etnocídio”.
A Beija-Flor lançará o enredo “Brava Gente! O Grito dos Excluídos no Bicentenário da Independência”. Segundo a escola de samba, o “Estado brasileiro foi erguido sobre um conjunto de mitos e símbolos que justificam as violências ainda hoje implementadas contra nós”. Por isso, os sambistas dizem que darão um “grito por justiça e liberdade, igualdade sem neurose e sem ‘caô’”.
Revista Oeste