Foto: Wilton Junior.
Com oito partidos apadrinhando ministros de seu governo e ainda em busca de apoio do Legislativo para garantir aprovação de projetos de interesse do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desdenhou nesta quinta-feira, 16, das agremiações políticas. Em entrevista à CNN, Lula deixou claro que, para ele, o único partido relevante no Brasil é o PT.
“Não existe partido político no Brasil. O único partido com cabeça, tronco e membro é o PT. O PT não é uma coisa qualquer, é um partido político. O restante é uma cooperativa de deputados que se juntam nas eleições”, disse o petista.
Ele admitiu que sua legenda desperta “amor e ódio”, mas que é uma das maiores legendas da esquerda no mundo. “O PT só perde para o Partido Comunista chinês, que é muito grande”.
Lula reduziu a “cooperativas de deputados” 22 partidos com representação formal na Câmara, dentre os quais oito possuem ministros no primeiro escalão do governo. Ocupam Pastas da gestão petista ministros do PCdoB, União Brasil, MDB, PSD, PDT, PSB, PSOL e Rede.
Na oposição, o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro tem a maior bancada, com 99 deputados, 31 a mais do que o PT.
Apesar de desmerecer a importância das demais siglas partidárias, Lula alegou que é preciso “estar junto” com os presidentes das casas legislativas, porque o Congresso seria um retrato da vontade do eleitor. “Não pode reclamar, tem que conviver”, afirmou o presidente, que mostrou confiança na possibilidade de construir a governabilidade sem o orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão e derrubado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Na entrevista, o presidente condenou a criminalização da política e voltou a atacar seu antecessor Jair Bolsonaro. “Quando você nega a política o resultado é esse: Bolsonaro, Hitler, Mussolini. Quando você nega a política, o resultado é o surgimento do autoritarismo”, declarou.
O petista ainda evitou criticar diretamente o vice-presidente de seu partido, o deputado Washington Quaquá (RJ), que postou uma foto ao lado do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), ministro da Saúde do governo Bolsonaro. “Cada um carrega a fotografia que quiser. Acho que ele já tem idade suficiente para escolher com quem ser fotografado”, disse Lula. Quaquá foi criticado publicamente pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Lula também saiu em defesa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado pelo Supremo Tribunal Federal por envolvimento no escândalo do mensalão. “Ninguém pode ser penalizado a vida inteira, ninguém pode ser na política criminalizado de forma perpétua. José Dirceu é um agente político, militante político da maior qualidade e está voltando a participar”, declarou em entrevista à CNN Brasil.
Créditos: Estadão.