Nos últimos anos, o modelo de coworking passou por mudanças profundas. Antes considerado uma das grandes inovações do ambiente de trabalho, esse conceito enfrentou questionamentos, especialmente após o período intenso da pandemia e a popularização do trabalho remoto. Entretanto, dados mais recentes mostram que, ao contrário do que muitos previram, o setor de coworking tem apresentado sinais de expansão significativa no Brasil. O Censo do Coworking 2024 realizado pela Woba, por exemplo, indica um crescimento de aproximadamente 20% no último ano, atingindo 2.986 espaços ativos no país, a maioria concentrada nas capitais. Essa expansão reflete a evolução do mercado diante das novas demandas do universo profissional.
As razões para a diminuição na procura por coworkings em alguns contextos estão ligadas a transformações socioculturais e econômicas do mercado de trabalho. Entre 2021 e 2025, o número de trabalhadores em regime home office cresceu significativamente no Brasil, segundo dados do IBGE e de organizações internacionais. Muitos profissionais descobriram novas rotinas e preferiram manter o trabalho em casa, aproveitando maior flexibilidade de horários e menos deslocamentos diários. Esse comportamento influenciou diretamente na demanda por espaços compartilhados, embora não tenha impedido o crescimento numérico de coworkings que se reinventaram para atender públicos diversos.

Por que os coworkings perderam força?
No auge da popularidade, os coworkings eram vistos como ambientes inovadores, voltados para networking, colaboração e redução de custos para empresas e autônomos. No entanto, com a consolidação do teletrabalho, surgiram obstáculos inéditos. O avanço tecnológico proporcionou plataformas de colaboração virtual, reduzindo a necessidade de uma infraestrutura física compartilhada. Além disso, muitos profissionais passaram a valorizar o conforto do lar e o controle sobre o próprio ambiente, dificultando o retorno aos espaços coletivos.
Outro fator relevante foi o aumento de custos operacionais. Com a inflação e a oscilação nos valores de aluguel em grandes cidades, manter um espaço atrativo tornou-se um desafio para as empresas de coworking. Sem o crescimento proporcional no número de usuários, muitos negócios precisaram rever seus modelos, adaptar serviços ou encerrar as atividades. Entretanto, o setor como um todo segue crescendo, impulsionado pelo surgimento de novos perfis de usuários, que buscam soluções flexíveis e espaços adaptados às suas necessidades.

Quais as novas demandas do trabalho flexível em 2025?
O trabalho flexível permanece em alta, mesmo diante do declínio dos coworkings tradicionais em alguns segmentos. O que mudou foi a forma como as pessoas enxergam a flexibilidade. Em vez de buscar um local fixo fora de casa, muitos optaram por utilizar cafés, bibliotecas ou até mesmo ambientes abertos, dependendo da atividade do dia. Empresas, por sua vez, passaram a oferecer subsídios para montagem de escritórios domésticos, priorizando bem-estar e produtividade.
- Personalização: Profissionais buscam adaptar o ambiente de trabalho conforme as próprias necessidades, alternando entre espaços durante a semana.
- Hibridismo: Muitas organizações adotaram o modelo híbrido, com alguns encontros presenciais em espaços próprios ou eventuais locações de coworkings para reuniões e treinamentos.
- Tecnologia: A digitalização acelerada ampliou o uso de softwares colaborativos, tornando desnecessária a presença constante em ambientes físicos compartilhados.
O modelo de coworking ainda tem espaço no cenário atual?
Ainda que o setor tenha enfrentado desafios e transformações, os coworkings não desapareceram e, de fato, vêm experimentando uma expansão em resposta à procura por espaços mais versáteis e focados em experiências diferenciadas. Novos formatos surgiram, como espaços adaptáveis para eventos, reuniões pontuais ou cursos de capacitação. Empresas de médio e grande porte também passaram a utilizar coworkings como extensão temporária de suas operações, principalmente em projetos de curta duração.
Outro aspecto que resiste é a busca por networking estratégico. Profissionais de áreas criativas, tecnologia ou startups ainda encontram valor nos encontros presenciais, que estimulam trocas de experiências e parcerias. Apesar disso, a maioria opta por planos mais flexíveis, abrindo mão do posto fixo e frequentando o coworking apenas quando necessário, em vez de utilizá-lo diariamente como no passado.
No contexto de 2025, os coworkings se reinventam para atender a um público mais exigente e menos previsível. O futuro desses espaços depende da capacidade de se adaptar às novas tendências do universo do trabalho, priorizando flexibilidade, tecnologia e conexões humanas genuínas.
Crescimento e diversificação dos coworkings no Brasil
Segundo o Censo do Coworking 2024, o mercado brasileiro de coworking registrou uma expansão de cerca de 20% no último ano, passando de 2.443 para 2.986 espaços ativos. A maioria desses espaços (58,5%) está localizada nas capitais, reforçando a importância das grandes cidades como polos de inovação e negócios. São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina lideram em número de unidades ativas.
O levantamento também aponta para uma diversificação dos serviços oferecidos, como escritórios privativos, salas de reunião e áreas para eventos corporativos — uma resposta direta às novas demandas de empresas e profissionais que buscam flexibilidade e redução de custos. 91% dos coworkings brasileiros já se posicionam como multidisciplinares, abrigando profissionais de diferentes segmentos. Além disso, há prioridade em certificações ambientais e melhorias constantes na infraestrutura, enquanto comodidades como internet dedicada e serviços premium tornam-se comuns no setor.
Desse modo, mesmo diante de transformações no modo como se faz uso do coworking, os dados mais recentes fortalecem a percepção de que esses espaços estão longe de desaparecer e, ao contrário, desempenham um papel cada vez mais estratégico no ambiente profissional moderno.