Imposição segue anúncio feito pelo Pentágono na sexta-feira sobre aprovação de pacote de assistência militar americana à ilha
O governo da China exigiu nesta segunda-feira, 18, que os Estados Unidos cancelem imediatamente sua venda mais recente de armas a Taiwan, relatou a emissora estatal chinesa de TV, citando o Ministério da Defesa Nacional.
A exigência segue o anúncio na última sexta-feira da aprovação de um pacote de assistência militar americana à ilha estimado em cerca de 110 milhões de dólares, segundo o Pentágono. Embora o Ministério da Defesa taiwanês afirme que o acordo deve entrar em vigor em cerca de um mês, o documento do Pentágono não indica que um contrato foi assinado ou que negociações com o país foram concluídas ainda.
“A venda proposta contribuirá para a manutenção dos veículos, armas pequenas, sistemas de armas de combate e itens de apoio logístico do destinatário, aumentando sua capacidade de enfrentar ameaças atuais e futuras”, disse a Agência de Cooperação de Segurança de Defesa do Pentágono.
O ministro da Defesa da China, Wein Fenghe, já havia expressado insatisfação com decisões recentes do governo americano. No fórum de segurança Shangri-La Dialogue, em Singapura, no começo de junho, ele acusou os Estados Unidos de tentarem “sequestrar” o apoio de outros países na região indo-pacífica. Ele afirmou que a relação EUA-China só vai melhorar se não houver interferência “em assuntos internos” da nação.
A fala do ministro diz respeito também às declarações do presidente americano, Joe Biden, de que Washington usaria força militar para defender Taiwan caso a ilha fosse invadida pela China.
Apesar de não contestarem a soberania reivindicada por Pequim em relação a Taiwan, e não manterem relações diplomáticas formais com a ilha, os Estados Unidos seguem um posicionamento definido como “ambiguidade estratégica”, no qual têm acordo de fornecimento de armas e assistência à ilha e se dizem comprometidos a garantir que ela possa se defender.
As tensões entre os EUA e a China sobre Taiwan vem aumentando desde meados do ano passado, na esteira de avanços militares de ambas as partes. Por um lado, a China realizou uma série de incursões aéreas perto de Taiwan, enquanto os EUA reconheceram que têm um pequeno contingente de militares na ilha há pelo menos um ano para treinar as forças locais.
A China não reconhece a independência de Taiwan e a considera uma “província rebelde”. Apesar do governo democrático local, Pequim deseja reanexar Taiwan, uma posição que os Estados Unidos consideram inaceitável. Os exercícios dos países ocidentais têm a finalidade de reforçar o compromisso de defender a ilha em caso de agressão chinesa
EUA e China estão, deste modo, levando até o limite o status quo criado em 1979, quando Washington reconheceu Pequim como o único governo chinês com o entendimento de que Taiwan teria um futuro pacífico.
Tudo isso criou um clima rarefeito na região, que fez com que as relações entre Taipé e Pequim entrassem no seu pior momento em quatro décadas, de acordo com as autoridades taiwanesas.