O aumento das tarifas por parte dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros tem provocado repercussões consideráveis no comércio exterior do Brasil em 2025. A decisão do governo norte-americano atinge diretamente setores estratégicos da economia, alterando dinâmicas de exportação dos principais estados do país. Diante desse cenário, empresas e autoridades avaliam os desdobramentos da medida nas relações bilaterais e na competitividade dos produtos brasileiros no exterior.
São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio Grande do Sul concentram mais de 70% das exportações do Brasil para os Estados Unidos no primeiro semestre deste ano. Destaque para São Paulo, responsável por quase um terço das vendas externas para o mercado estadunidense, com foco em sucos de frutas, aeronaves e equipamentos florestais. Com a aplicação das tarifas, há preocupação quanto à diminuição da competitividade desses bens, o que pode acarretar queda nas receitas, necessidade de encontrar novos mercados e até redução de postos de trabalho.
Como as tarifas afetam as exportações brasileiras?
Com a nova política tarifária, produtos brasileiros entram nos EUA com valores superiores, o que pode resultar em encolhimento das vendas para o país. Empresas exportadoras dos estados mais afetados enfrentam o desafio de buscar alternativas, entre elas:
- Abrir novos mercados para compensar a retração nas vendas aos EUA;
- Adequar preços para manter o interesse de compradores estrangeiros;
- Revisar estratégias produtivas frente à redução de demanda externa;
- Analisar a possibilidade de diversificar a oferta de produtos e destinos.
O impacto não se limita à indústria exportadora. Portos como Santos (SP), Itaguaí (RJ) e Vitória (ES) também podem ser atingidos, já que quase 90% dos embarques rumo aos EUA utilizam transporte marítimo. A diminuição nas exportações tende a afetar a movimentação nesses terminais e, consequentemente, sua receita.

O que pode acontecer se o Brasil adotar retaliações?
O governo brasileiro já sinalizou a possibilidade de aplicar o princípio da reciprocidade, taxando bens e produtos importados dos Estados Unidos. Cinco estados absorveriam grande parte desse impacto: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, pois juntos concentram mais de 70% das importações originárias dos Estados Unidos. Essas medidas podem ter os seguintes efeitos:
- Aumento do preço de produtos importados, influenciando diretamente consumidores e a indústria nacional;
- Eventual busca de fornecedores alternativos de insumos fundamentais para o setor produtivo;
- Dificuldade em alguns segmentos em repassar custos ao consumidor final, pressionando margens;
- Redução da oferta de determinados itens no mercado interno.
Além disso, a oscilação cambial, agravada pelo clima de incerteza, pode encarecer ainda mais os itens importados, elevando custos em cadeias produtivas que dependem de insumos internacionais. Os principais produtos importados dos Estados Unidos incluem medicamentos, motores, aeronaves, combustíveis e máquinas, setores essenciais para a indústria brasileira.
Qual é a importância da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos?
Apesar do cenário de tensão comercial, os dados do primeiro semestre de 2025 mostram crescimento no comércio bilateral. As exportações brasileiras para os EUA atingiram US$ 20 bilhões, representando um aumento de 4,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já as importações brasileiras somaram US$ 21,7 bilhões, indicando um crescimento de 11,5%. O saldo favorável aos EUA é o maior em anos, contrariando alegações de déficits por parte do governo americano.
O relacionamento econômico com os Estados Unidos é crucial para o Brasil, respondendo por cerca de 3,2 milhões de empregos e garantindo salários médios mais elevados nas empresas exportadoras. Setores como indústria, agronegócio, carne bovina, aeronaves e café têm conseguido manter ou ampliar suas exportações, mesmo diante de tarifas elevadas já vigentes em 2025. No entanto, áreas como celulose e máquinas apresentam sinais de retração.
As decisões sobre tabelas tarifárias e reciprocidades são tratadas de maneira complexa e exigem negociações diplomáticas. Há um entendimento de que evitar a escalada de conflitos econômicos pode ser benéfico para ambos os países, preservando empregos, investimentos e a inserção internacional das empresas brasileiras. Em 2025, o Brasil mantém forte desempenho em suas trocas comerciais, mas a imprevisibilidade gerada pelas novas tarifas traz desafios adicionais para os próximos meses.