Anúncio do banco foi feito na semana passada, dois dias após ter sido anunciado aporte de R$ 2,9 bilhões no Plano Safra, o que chamou a atenção dos congressistas
A Frente Parlamentar da Agropecuária(FPA) se reuniu nesta terça-feira, 14, para discutir dois temas caros aos membros: a suspensão de 11 linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), anunciado na semana passada, e a medida provisória do governo federal que reestruturou o Ministério da Agricultura, criando novas pastas como o do Desenvolvimento Agrário e a reativação do Ministério da Pesca. Algumas linhas haviam sido suspensas em 2022 e retomadas em 1º de fevereiro, mas o que chamou a atenção da bancada foi que a suspensão dos pedidos de financiamento ocorreu dois dias depois do banco ter anunciado um aporte no valor de R$ 2,9 bilhões relativo ao Plano Safra. Na semana passada, representantes do grupo enviaram um requerimento ao BNDES solicitando informações sobre quanto desse valor já foi utilizado. O presidente da FPA, o deputado Pedro Lupion (PP-PR), disse que o banco respondeu por ofício que os R$ 2,9 bilhões são recursos remanescentes e foram contratados muito rapidamente, em dois dias, e que, por isso, a instituição teve que suspender os pedidos de financiamento, que beneficia principalmente os agricultores familiares. O banco ainda teria se comprometido, na resposta à FPA, a retomar as linhas de crédito, mas sem informar prazos ou de onde sairão os recursos. “É o dito pelo não dito. A guerra de retórica da política. Nós esperamos que o produtor rural não seja prejudicado com isso e, principalmente, que o BNDES retome essas linhas de financiamento, assim como todo o planejamento do Plano Safra”, comentou Lupion.
A ex-ministra da Agricultura, senadora Tereza Cristina (PP-MS), bem como outros senadores, como Hamilton Mourão (PRB-RS), vão sugerir a manutenção de algumas secretarias no ministério da Agricultura, sem migração para novas pastas: “Nós achamos que não tem necessidade de sair do Ministério da Agricultura, como a Conab [Companhia Nacional de Abastecimento], que a gente tem uma agência no forno, pronta para sair, para que a gente tenha inteligência estratégica do agronegócio vinculada à agricultura. Porque é o Ministério da Agricultura que precisa desses números para dar credibilidade às nossas safras, com estimativas do café até o milho, o trigo, enfim, passando pela soja, boi e proteína animal”. A sugestão para que a Conab saia da pasta do Desenvolvimento Agrário e volte para a da Agricultura deve ser enviada ao governo pela FPA nos próximos dias.