Na terça-feira, uma acareação entre o general Walter Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid chamou a atenção nos corredores do Supremo Tribunal Federal (STF). O encontro, realizado em sessão fechada, foi marcado por divergências sobre versões apresentadas no inquérito que investiga o suposto financiamento de acampamentos considerados antidemocráticos em 2022. A palavra-chave central desse episódio é acareação no STF, um procedimento que busca esclarecer contradições entre depoimentos de investigados.
Durante a audiência, o advogado de Braga Netto, José Luis de Oliveira Lima, relatou que o general teria chamado Mauro Cid de “mentiroso” em duas ocasiões. Segundo a defesa, Cid não teria respondido às acusações, mantendo-se em silêncio durante o momento em que poderia se manifestar. O episódio ganhou ainda mais destaque devido à recusa do ministro Alexandre de Moraes em permitir a gravação da sessão, decisão que foi questionada pela defesa do general.
O que é uma acareação no STF?
A acareação é um instrumento jurídico utilizado para confrontar pessoas cujos depoimentos apresentam pontos contraditórios. No âmbito do Supremo Tribunal Federal, esse procedimento costuma ser adotado em investigações de grande relevância, especialmente quando há divergências que podem impactar o rumo do processo. O objetivo principal é buscar a verdade dos fatos, permitindo que os envolvidos esclareçam suas versões diante da autoridade judicial.
No caso envolvendo Braga Netto e Mauro Cid, a acareação foi solicitada para esclarecer informações sobre a suposta entrega de dinheiro em espécie, que teria sido utilizada para financiar atos considerados ilegais. O confronto direto entre os depoentes visa identificar possíveis inconsistências e contribuir para a formação do convencimento do magistrado responsável pelo caso.
Por que o pedido de Braga Netto de gravação da audiência foi recusado?
Um dos pontos mais debatidos após a acareação foi a decisão do ministro Alexandre de Moraes de não autorizar a gravação da sessão. Segundo a defesa de Braga Netto, a ausência de registro audiovisual compromete a transparência do procedimento e dificulta a verificação de detalhes importantes, como a postura e as reações dos envolvidos.
- Transparência: A gravação poderia permitir que a sociedade e as partes tivessem acesso ao conteúdo integral da audiência.
- Prerrogativas da defesa: O registro serviria como instrumento para eventual contestação de versões apresentadas durante o processo.
- Sigilo: Por outro lado, a decisão de manter a sessão sem gravação pode estar relacionada à proteção de informações sensíveis ou à preservação da integridade dos depoentes.
O debate sobre a gravação de audiências no STF não é novo e envolve questões relacionadas à publicidade dos atos processuais e à proteção dos direitos das partes envolvidas.
Quais foram as principais divergências entre Braga Netto e Mauro Cid?
Durante a acareação, as versões apresentadas por Braga Netto e Mauro Cid divergiram em pontos essenciais. O delator Mauro Cid afirmou que o general teria participado da entrega de uma quantia em dinheiro, transportada em uma sacola de vinho, para o financiamento de acampamentos. Segundo o advogado de Braga Netto, Cid teria mudado sua versão diversas vezes, indicando diferentes locais para a suposta entrega do dinheiro, como garagem e sala de ajudância de ordens.
- Primeiro, Cid mencionou uma garagem como local da entrega.
- Depois, citou uma segunda garagem.
- Por fim, durante a acareação, apontou a sala de ajudância de ordens.
Além disso, questionamentos foram levantados sobre a possibilidade de Cid indicar o volume de dinheiro na sacola, já que, segundo seu próprio relato, o recipiente estaria lacrado. Essas contradições foram destacadas pela defesa de Braga Netto como pontos que fragilizam a credibilidade do depoimento do delator.

Como a acusação de Braga Netto pode impactar o processo?
A realização de uma acareação no STF pode ser determinante para o esclarecimento de fatos relevantes em investigações sensíveis. O confronto de versões permite que o magistrado avalie a consistência dos depoimentos e identifique eventuais contradições que possam influenciar a decisão final. No caso de Braga Netto e Mauro Cid, o procedimento buscou esclarecer a participação do general nas supostas irregularidades investigadas.
Em 2025, o tema segue em destaque no cenário jurídico brasileiro, refletindo a importância do devido processo legal e da busca pela verdade em investigações que envolvem figuras públicas. O desfecho desse episódio dependerá da análise das provas e dos depoimentos colhidos, respeitando os princípios constitucionais que regem o sistema de justiça do país.