O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) voltou ao centro das atenções em 2025 após a deflagração da quarta fase da Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal. O foco da investigação recai sobre entidades que, segundo as autoridades, arrecadaram valores expressivos por meio de descontos aplicados em benefícios de aposentados e pensionistas. A soma dos montantes movimentados por essas associações ultrapassa R$ 496 milhões, evidenciando a dimensão do caso.
O esquema investigado envolve descontos em folha de pagamento de beneficiários do INSS, realizados por associações que alegavam prestar serviços aos aposentados e pensionistas. A ação das autoridades resultou em mandados de prisão, busca e apreensão, além do bloqueio de bens dos principais envolvidos. Entre os alvos estão empresas e pessoas ligadas a antigos gestores do INSS, apontados como peças-chave na operacionalização das fraudes.
Como funcionava o esquema de descontos no INSS?
As investigações revelaram que as entidades envolvidas realizavam descontos mensais diretamente nos benefícios dos segurados, sob a justificativa de cobrança de mensalidades associativas. No entanto, muitos aposentados e pensionistas afirmaram desconhecer a filiação ou não terem autorizado a cobrança. Esse mecanismo permitiu que as associações acumulassem valores significativos em um curto espaço de tempo, ampliando o impacto financeiro sobre os beneficiários.
Entre as entidades investigadas, destacam-se a Universo Associação dos Aposentados e Pensionistas dos Regimes Geral da Previdência Social (AAPPS Universo), a Associação de Proteção e Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (APDAP PREV) e a Associação Brasileira dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Asbrapi). Cada uma delas apresentou crescimento expressivo em arrecadação, especialmente entre 2022 e 2025, segundo dados apurados pela Advocacia-Geral da União (AGU) e pela Controladoria-Geral da União (CGU).

Quais entidades foram alvo da Operação Sem Desconto?
A AAPPS Universo, sediada em Aracaju, foi a que mais arrecadou entre as três, com R$ 255 milhões movimentados entre julho de 2022 e março de 2025. Auditorias realizadas pela CGU apontaram inconsistências na estrutura física e de pessoal da associação, que contava com apenas dois funcionários fixos no momento da inspeção, apesar de declarar mais de 250 mil associados espalhados por milhares de municípios em todo o país.
Já a APDAP PREV iniciou suas operações de desconto em 2023 e, em apenas dois anos, atingiu a marca de R$ 224 milhões arrecadados. A Asbrapi, por sua vez, registrou um dano estimado em quase R$ 17 milhões, tendo mais de 40 mil filiados com descontos ativos em maio de 2024. Essas cifras reforçam a preocupação das autoridades com o alcance e a velocidade do crescimento dessas entidades.
Quais foram as consequências da investigação sobre o INSS?
O avanço das investigações resultou em medidas rigorosas, incluindo o sequestro de bens avaliados em R$ 12 milhões, como fazendas e outros patrimônios dos investigados. Além disso, a repercussão do caso levou à exoneração de figuras importantes da administração pública, como o então presidente do INSS e o ministro da Previdência. O escândalo também provocou debates sobre a necessidade de aprimorar os mecanismos de controle e fiscalização dos descontos realizados em benefícios previdenciários.
- Mandados judiciais: Prisões preventivas e buscas em diferentes cidades de Sergipe.
- Bloqueio de bens: Sequestro de propriedades e valores de investigados.
- Auditorias: Inspeções da CGU em sedes de associações suspeitas.
- Impacto institucional: Mudanças na liderança do INSS e do Ministério da Previdência.
O caso trouxe à tona a importância de garantir transparência e segurança para aposentados e pensionistas, especialmente no que diz respeito a descontos em seus benefícios. As investigações seguem em andamento, com o objetivo de identificar todos os responsáveis e recuperar os valores desviados, reforçando a necessidade de vigilância constante sobre práticas que possam prejudicar os segurados do INSS.