Na sexta-feira (15), a jornalista Míriam Leitão afirmou, no jornal O Globo, que a polícia do Panará “mente ao concluir que assassinato de petista não foi crime político”. Segundo ela, “isso é uma forma de fugir do fato de que é um evidente crime por motivação política”.
– Marcelo Arruda foi morto por ser eleitor do ex-presidente Lula e por estar fazendo uma festa com o tema “PT”. Foi assassinado a tiros aos gritos ‘Aqui é Bolsonaro’. A verdade é evidente e incontornável – apontou a jornalista.
O ex-secretário especial de Cultura Mario Frias reagiu, neste sábado (16), aos argumentos de Míriam Leitão.
– Quando as conclusões verídicas vão contra às suas narrativas, a militância ataca até mesmo a polícia. Como ela pode desmentir uma investigação criminal? Que poder ou conhecimento ela tem para isso? A Míriam Leitão além de “economista” virou “especialista” em direito penal também – escreveu Frias, no Twitter.
POLÍCIA CIVIL DO PARANÁ
Para a delegada Camila Cecconello, a morte não foi provocada por motivo político pelo fato de que os disparos teriam sido feitos após uma escalada na discussão entre Marcelo e Guaranho, levando a questões pessoais. Cecconello ressaltou que teria que existir um desejo de Guaranho em impedir os direitos políticos de Marcelo para se enquadrar o fato como motivação política.
– Para você enquadrar em crime político, tem que enquadrar em alguns requisitos. É complicado a gente dizer que esse homicídio ocorreu porque o autor queria impedir os direitos políticos da vítima. Ele tinha a intenção de provocar. E a gente avalia que a escalada da discussão entre os dois fez com que o autor voltasse e praticasse o homicídio – disse a delegada.
COMO ACONTECEU O CRIME
Segundo a polícia, Guaranho tinha ido a um churrasco e foi neste evento que ele soube do aniversário de Marcelo. A informação sobre a festa com a temática petista teria chegado ao conhecimento do policial penal por meio de uma pessoa que estava no churrasco e que tinha acesso às imagens das câmeras da associação onde acontecia o aniversário do guarda municipal.
Na sequência, de acordo com a delegada Camila Cecconello, o policial não fez comentários a respeito do aniversário, mas deixou o churrasco onde estava e foi para o local onde acontecia a festa do guarda. Cecconello afirmou que Guaranho teria ido até o aniversário de Marcelo com o intuito de provocá-lo.
– O autor dos fatos [Guaranho] estava comemorando e ingerindo bebidas alcoólicas (…). [Ao saber da festa alusiva ao PT] o autor não comenta nada. Apenas pergunta onde está acontecendo a festa (…). Ele foi lá realmente no intuito de provocar a vítima. Fica muito clara que houve uma provocação e uma discussão em razão de política – declarou.
Guaranho chegou ao aniversário acompanhado da esposa e do filho. No som do carro estaria tocando uma música de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Ao estacionar o veículo, Guaranho e Arruda começaram uma discussão sobre “ideologia e pensamentos políticos”. Depois disso, o guarda arremessou terra e pedregulhos que estavam em um canteiro, e os resíduos acabaram atingindo o policial e sua família.
A mulher do policial então pediu que eles deixassem o local, o que acabou acontecendo. Depois de saírem, Marcelo foi até seu carro e pegou uma arma. Enquanto isso, outras pessoas que estavam na festa pediram para que o porteiro do clube fechasse o portão do local.
Minutos depois, Guaranho voltou sozinho de carro para o lugar da festa e ele mesmo abriu o portão, conforme a polícia. De acordo com depoimento da mulher do policial, ele teria dito que se sentiu ofendido e humilhado pelo fato de sua família ter sido atingida pelos pedregulhos.
– Pessoas perceberam a volta do veículo e correm para dentro para avisar a vítima (…). Pelas imagens, no momento em que vítima é avisada ela carrega a arma e coloca na cintura – disse a delegada Camila Cecconello.
Depois disso, o guarda teria pegado a arma na mão e saído da parte de trás do salão para a porta onde estava o carro de Guaranho. O policial penal visualizou o guarda e sacou a arma. Após isso, Guaranho e Arruda gritaram para que cada um baixasse a arma.
De acordo com a Polícia Civil, o agente penal foi o primeiro a disparar. A delegada afirmou que Guaranho fez quatro disparos, dos quais dois atingiram Marcelo. Por outro lado, o petista atirou 10 vezes, acertando quatro tiros contra o policial.
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