O cenário do entretenimento brasileiro passou por grandes transformações com a chegada de plataformas de streaming como a Netflix, que mudaram profundamente os hábitos de consumo de filmes, séries e documentários. A crescente presença desses serviços digitais no país levantou discussões sobre a necessidade de estabelecer regras que garantam um equilíbrio entre as empresas estrangeiras e a produção audiovisual nacional. Com isso, o debate sobre a regulamentação do streaming ganhou força no Congresso Nacional, onde diferentes propostas buscam definir obrigações específicas para essas plataformas.
Atualmente, as empresas de streaming atuam no Brasil sem estarem sujeitas às mesmas exigências das operadoras de TV por assinatura, o que levanta discussões sobre justiça competitiva e incentivo à cultura local. O principal foco das propostas é assegurar que as plataformas digitais também contribuam para o desenvolvimento do setor audiovisual brasileiro, seja por meio de taxas ou da inclusão de obras nacionais em seus catálogos.
O que propõem as novas regras para plataformas de streaming?
Entre as principais ideias em análise está a cobrança de um percentual sobre o faturamento anual das plataformas de vídeo sob demanda. Essa taxa, que pode chegar a 6%, seria destinada a fundos de apoio à produção audiovisual no país. Além disso, discute-se a implementação de uma cota mínima de conteúdo brasileiro nos catálogos das plataformas, com o objetivo de ampliar a visibilidade das produções locais e fortalecer a indústria nacional.
A Agência Nacional do Cinema (Ancine) deve ser a responsável por acompanhar e fiscalizar o cumprimento dessas normas, ampliando sua atuação para além do universo da TV paga. A intenção é criar mecanismos que promovam maior diversidade e presença de obras brasileiras nos serviços digitais, aproximando-os das obrigações já existentes para outros meios de distribuição de conteúdo.
Como a regulamentação pode afetar o mercado de streaming?

A possível aprovação dessas regras pode trazer mudanças relevantes para o funcionamento das plataformas no Brasil. Entre os impactos esperados estão:
- Estímulo à produção nacional: A exigência de cotas pode incentivar o surgimento de novas séries, filmes e documentários brasileiros.
- Recolhimento de recursos: A taxação sobre o faturamento pode aumentar o investimento em projetos audiovisuais locais.
- Alterações nos catálogos: A obrigatoriedade de conteúdo nacional pode modificar a oferta de títulos disponíveis aos assinantes.
Por outro lado, representantes das plataformas alertam para possíveis consequências, como aumento dos custos operacionais, ajustes nos preços das assinaturas e até a redução da variedade de títulos internacionais. Há também o risco de algumas empresas reconsiderarem sua permanência no mercado brasileiro caso as exigências se tornem inviáveis financeiramente.
Quais são os principais pontos de debate sobre a regulamentação do streaming?
O tema envolve diferentes opiniões e interesses. Entre os argumentos contrários à regulamentação estão:
- Possível aumento de custos para as plataformas e para os consumidores
- Redução da diversidade de conteúdos internacionais disponíveis
- Risco de diminuição da concorrência no setor
- Dificuldade de adaptação para empresas menores ou recém-chegadas ao mercado
Além disso, ainda não há consenso sobre a inclusão de serviços de compartilhamento de vídeo, como o YouTube, nas novas regras. Outro desafio é definir critérios claros para a fiscalização e a alíquota exata a ser aplicada, de modo a evitar distorções e garantir que os objetivos da regulamentação sejam alcançados.
O que pode mudar para o público e para a produção audiovisual brasileira?
Se as propostas forem aprovadas, o público pode ter acesso a uma oferta maior de produções nacionais, conhecendo mais sobre a cultura e a criatividade brasileiras. Para a indústria audiovisual, a regulamentação pode representar mais oportunidades de investimento e crescimento. No entanto, os consumidores também podem enfrentar mudanças nos preços das assinaturas e na variedade de títulos estrangeiros disponíveis. O desfecho das discussões no Congresso Nacional será decisivo para definir o futuro do streaming no Brasil e o papel dessas plataformas no fortalecimento da cultura nacional.