O consumo de alimentos ultraprocessados tem chamado a atenção de especialistas em saúde pública devido ao seu impacto na saúde mental. Dados recentes apontam que a ingestão frequente desses produtos pode estar associada a um aumento significativo no risco de depressão persistente. Em 2025, a depressão continua sendo um desafio global, afetando milhões de pessoas e figurando entre as principais causas de incapacidade no mundo.
Pesquisas desenvolvidas por instituições brasileiras, como a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, indicam que a alimentação desempenha papel fundamental na prevenção e no agravamento de transtornos mentais. Entre os fatores de risco identificados, destaca-se o consumo elevado de alimentos ultraprocessados, que, segundo estudos, pode elevar em até 58% a probabilidade de quadros depressivos duradouros.
O que são alimentos ultraprocessados?
Alimentos ultraprocessados são produtos industrializados que passam por diversas etapas de processamento e recebem aditivos como corantes, conservantes, aromatizantes e realçadores de sabor. Exemplos comuns incluem refrigerantes, salgadinhos, biscoitos recheados, embutidos e refeições prontas para consumo. Esses itens se diferenciam dos alimentos in natura e minimamente processados, pois apresentam baixo teor de nutrientes essenciais e alto teor de açúcares, gorduras saturadas e sódio.
De acordo com a classificação NOVA, os alimentos podem ser divididos em quatro grupos principais:
- Alimentos in natura ou minimamente processados: frutas, verduras, legumes, grãos e carnes frescas.
- Ingredientes culinários processados: sal, açúcar, óleos e gorduras extraídas de alimentos naturais.
- Alimentos processados: produtos que combinam alimentos naturais com ingredientes culinários, como queijos e pães artesanais.
- Ultraprocessados: produtos industrializados prontos para consumo, com múltiplos aditivos e pouco valor nutricional.

Como o consumo de ultraprocessados pode afetar a saúde mental?
Estudos apontam que a ingestão frequente de ultraprocessados está relacionada à redução do consumo de nutrientes fundamentais para o funcionamento do cérebro, como fibras, vitaminas do complexo B, antioxidantes e minerais. A ausência desses componentes pode comprometer a produção de neurotransmissores e aumentar processos inflamatórios, fatores associados ao desenvolvimento e à persistência da depressão.
Além disso, a pesquisa longitudinal ELSA-Brasil, que acompanha servidores públicos desde 2008, revelou que indivíduos com maior consumo desses produtos apresentaram risco 30% maior de desenvolver episódios depressivos ao longo de oito anos. Quando comparados os extremos de consumo, o risco de depressão persistente chegou a ser 58% maior entre os que ingerem mais ultraprocessados.
Quais fatores contribuem para o aumento do consumo desses alimentos?
Entre 2013 e 2023, o Brasil registrou um crescimento de 5,5% no consumo de alimentos ultraprocessados. Esse aumento pode ser atribuído a diversos fatores, como a urbanização acelerada, a rotina corrida das cidades, a praticidade dos produtos industrializados e o preço mais acessível em comparação com alimentos frescos. A distância da produção caseira e a oferta abundante desses itens nos supermercados também favorecem essa tendência.
Vale destacar que a substituição de refeições caseiras por opções industrializadas pode reduzir significativamente a ingestão de nutrientes protetores da saúde mental. Por outro lado, estudos sugerem que pequenas reduções no consumo de ultraprocessados, mesmo que de apenas 5% a 10%, já são capazes de diminuir consideravelmente o risco de depressão.
Como adotar uma alimentação mais saudável para prevenir a depressão?
Para promover o bem-estar mental, recomenda-se priorizar alimentos frescos e minimamente processados no dia a dia. Algumas estratégias incluem:
- Planejar as refeições com antecedência, priorizando frutas, verduras, legumes e grãos integrais.
- Reduzir gradualmente o consumo de produtos industrializados, optando por preparações caseiras sempre que possível.
- Ler os rótulos dos alimentos para identificar aditivos e altos teores de sódio, açúcar e gorduras.
- Buscar orientação de profissionais de saúde para adequar a alimentação às necessidades individuais.
O conhecimento sobre a relação entre alimentação e saúde mental tem avançado, reforçando a importância de escolhas alimentares conscientes. Manter uma dieta equilibrada, rica em nutrientes e pobre em ultraprocessados, pode ser uma estratégia relevante para reduzir o risco de depressão persistente e promover qualidade de vida.