Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Em entrevista exclusiva ao ‘Linha de Frente’, da Jovem Pan News, senador deu detalhes da reunião com ex-deputado e o ex-presidente Jair Bolsonaro ocorrida em dezembro em que foi discutida a possibilidade de grampear o ministro do STF
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) disse não ter formalizado uma denúncia contra o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) por considerar “esdrúxula” a proposta apresentada para para contestar o resultado das eleições de 2022. Em entrevista exclusiva ao programa Linha de Frente, da Jovem Pan News, o senador negou que tenha gravado o encontro intermediado por Silveira e com participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em dezembro do ano passado, e disse que “jamais” gravaria qualquer conversa com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). “[Você estava sendo ameaçado?] De forma alguma. Estava sendo bombardeado. Estava sendo bombardeado, atingindo a minha família e tive esse burnout. Jamais gravaria alguém”, afirmou Do Val. Para ele, ficou claro que Moraes também avaliou o plano como “absurdo” e, por isso, não formalizou a denúncia. “Ele achou absurdo. Como alguém pode pensar em um negócio desse? Ele não pediu nada, nem que gravasse Daniel, nem Bolsonaro”, completou.
No entanto, Marcos do Val reconheceu que durante a primeira live com as denúncias contra Silveira e Bolsonaro, ele vivia um episódio semelhante à síndrome de burnout, que é caracterizada como um distúrbio de exaustão extrema, e suas declarações foram uma “explosão emocional”. ” Foi tudo um desabafo. A pressão dos ataques me abalaram, a pressão de traidor, traidor. Achei que deveria deixar as coisas claras, não ter nada meio contado”, declarou, reconhecendo, no entanto, que foi “infeliz” na live. “Quando eu gravei e disse que ia renunciar estava quase decidido a renunciar, não estou aguentando. Sabia que era um assunto que ia dar uma certa polêmica. Fui infeliz, podia ter falado como agora, deveria ter sido algo natural”, acrescentou.
À Jovem Pan, Do Val também negou que tinha como objetivo atingir o ex-presidente Jair Bolsonaro ou o ministro Alexandre de Moraes com as denúncias. Ele reafirmou que estava sendo “muito pressionado” por seus eleições para votar no senador Rogério Marinho (PL) para a presidência do Senado Federal e que foi chamado de traíra por abraçar e parabenizar Rodrigo Pacheco (PSD) pela reeleição, o que teria sido o estopim e leva às denúncias. “Meu pai de 82 anos começou a me ligar desesperado, minha mãe. Chegou aos meus familiares. Quando a minha filha me liga, a minha filha é o meu sonho e nunca passou por situações de ver o pai sendo atacado, ela ficou abalada, chorosa. Ali foi como se fosse um tiro de sniper na cabeça”, conclui.
Marcos do Val é agora investigado por falso testemunho. Em despacho assinado na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que o senador deu ao menos quatro versões sobre os fatos divulgados, com visões antagônicas, o que justifica a investigação. “Ouvido sobre os fatos, o senador Marcos do Val apresentou, à Polícia Federal, uma quarta versão dos fatos por ele divulgados, todas entre si antagônicas, de modo que se verifica a pertinência e necessidade de diligências para o seu completo esclarecimento, bem como para a apuração dos crimes de falso testemunho (art. 342 do Código Penal), denunciação caluniosa (art. 339 do Código Penal) e coação no curso do processo (art. 344 do Código Penal)”, diz o documento.