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Os Estados Unidos derrubaram neste fim de semana um balão chinês gigante que, segundo eles, estava espionando importantes locais militares.
O Departamento de Defesa confirmou que seus caças derrubaram o balão sobre as águas territoriais dos EUA.
Depois disso, o Ministério das Relações Exteriores da China expressou “forte insatisfação e protesto contra o uso da força pelos EUA para atacar aeronaves civis não tripuladas”.
Imagens divulgadas em redes de TV americanas mostraram o balão caindo no mar após uma pequena explosão.
Oficiais de defesa disseram à imprensa dos EUA que os destroços caíram perto de Myrtle Beach, Carolina do Sul.
Os militares agora estão tentando recuperar os destroços espalhados por 11 quilômetros. Dois navios de guerra, incluindo um com guindaste pesado para recuperação, estão na área.
Em uma declaração do Pentágono, um alto funcionário da defesa dos EUA disse que “embora tenhamos tomado todas as medidas necessárias para proteção contra a coleta de informações confidenciais do balão de vigilância da RPC [China], o sobrevoo do balão de vigilância do território dos EUA foi importante para nossa inteligência”.
“Pudemos estudar e escrutinar o balão e seus equipamentos, o que foi valioso”, acrescentou o oficial.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse: “Eles derrubaram com sucesso e quero elogiar nossos aviadores que o fizeram”.
Biden estava sob pressão para derrubar o balão desde que as autoridades de defesa anunciaram pela primeira vez que estavam rastreando o dispositivo, na quinta-feira (2/2).
Em um comunicado algumas horas depois, o Ministério das Relações Exteriores da China disse: “O lado chinês informou repetidamente o lado dos EUA após verificação de que o dirigível é para uso civil e entrou nos EUA devido a força maior – foi completamente um acidente”.
A descoberta do balão desencadeou uma crise diplomática. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, cancelou imediatamente a viagem que faria à China este fim de semana devido ao que classificou como “ato irresponsável”.
As autoridades chinesas negaram que se trate de uma aeronave de espionagem e, em vez disso, disseram que era um navio meteorológico que se extraviou.
Antes da derrubada do balão, a China havia pedido que fosse tratada com “cabeça fria” a disputa sobre um balão chinês gigante que se dirige para o leste dos Estados Unidos.
Em um comunicado no sábado (4), o Ministério das Relações Exteriores da China disse que Pequim “nunca violou o território e o espaço aéreo de qualquer país soberano”.
Balão na Colômbia
Neste fim de semana, a Força Aérea da Colômbia confirmou o avistamento de um globo em seu espaço aéreo – após o anúncio do Pentágono sobre a existência de um segundo suposto dispositivo espião chinês que sobrevoava a América Latina.
“O objeto entrou no espaço aéreo colombiano no setor norte do país, movendo-se a uma velocidade média de 25 nós, identificando características semelhantes às de um balão”, diz o comunicado.
A Força Aérea Colombiana informou que acompanhou o objeto até sua saída do espaço aéreo. E declararam que o objeto não representava uma ameaça à segurança e defesa nacional e que a partir de agora serão iniciadas as investigações pertinentes, com diferentes países e instituições, para estabelecer a origem do objeto.
‘Sinal’ de Pequim: o que dizem analistas
Os recursos do balão neste caso em particular não estão claros, mas especialistas dizem que pode ser mais um “sinal” do governo de Pequim do que uma ameaça à segurança.
“Pequim provavelmente está tentando enviar um sinal a Washington: ‘Embora queiramos melhorar nossos laços, também estamos sempre prontos para uma competição sustentada, por qualquer meio necessário’, sem inflamar severamente as tensões”, disse o analista He Yuan Ming à BBC. “E que melhor ferramenta para isso do que um balão aparentemente inócuo”, acrescentou.
Os balões são uma das formas mais antigas de tecnologia de vigilância. Os militares japoneses os usaram para bombardear os EUA durante a Segunda Guerra Mundial. Eles também foram amplamente utilizados pelos EUA e pela União Soviética durante a Guerra Fria.
Mais recentemente, os EUA têm considerado adicionar balões de alta altitude à rede de vigilância do Pentágono. Balões modernos normalmente flutuam entre 24 e 37 quilômetros acima da superfície da Terra.
O Departamento de Defesa dos EUA disse na quinta-feira que o balão chinês estava “significativamente acima de onde passa o tráfego aéreo civil”.
O especialista em China Benjamin Ho disse que Pequim tem disponível tecnologia de vigilância mais sofisticada que balões.
“Eles têm outros meios para espionar a infraestrutura americana, ou qualquer informação que queiram obter. O balão era para enviar um sinal aos americanos e também para ver como os americanos reagiriam”, disse Ho, coordenador do programa da China na a Escola de Estudos Chineses na Escola de Estudos Internacionais S. Rajaratnam de Cingapura.
Pode até ser que a China quisesse que os EUA detectassem o balão.
“É possível que ser descoberto fosse o ponto principal. A China poderia estar usando o balão para demonstrar que tem uma capacidade tecnológica sofisticada para penetrar no espaço aéreo dos EUA sem arriscar uma escalada séria. Nesse sentido, um balão é uma escolha bastante ideal”, disse Arthur Holland Michel, da instituição Carnegie Council for Ethics in International Affairs.
As vantagens dos balões
No entanto, alguns especialistas apontam que os balões podem ser equipados com tecnologia moderna, como câmeras espiãs e sensores de radar, e seu uso para vigilância tem algumas vantagens, sendo a principal delas o fato de serem mais baratos e fáceis de usar do que os drones ou satélites.
A velocidade mais lenta do balão também permite que ele demore mais e monitore a área-alvo por períodos mais longos. O movimento de um satélite, por outro lado, é restrito à velocidade de sua órbita.
Créditos: G1.