Foto: Jose Francisco Hernández.
O cometa C/2022 E3 (ZTF), que fez sua maior aproximação da Terra na última quarta-feira (1º), está finalmente visível do hemisfério Sul — inclusive do Brasil.
Já é possível vê-lo com auxílio de binóculos ou telescópios e até mesmo a olho nu, dependendo das condições.
É uma oportunidade única: a última vez que ele passou perto de nosso planeta foi há 50 mil anos — e deve demorar tudo isso para retornar. As informações são do Portal UOL.
O cometa está bem brilhante e esverdeado, após os gases de seu núcleo terem sido aquecidos pelo Sol, formando a bela cauda.
No hemisfério Norte, onde esteve visível nas últimas semanas, os registros foram incríveis:
Como ver?
Por aqui, ele está visível entre os dias 3 e 12 de fevereiro (estimativa, pois a cada dia ele fica menos brilhante), perto do horizonte e em uma pequena janela de tempo. Observadores da região Norte e Nordeste têm certa vantagem.
É imprescindível usar um aplicativo de astronomia para encontrar o local exato do cometa naquele momento e local. Mas temos algumas dicas:
- Procure um lugar alto e com o horizonte norte desobstruído
- Olhe para o norte, entre o pôr do Sol e a meia-noite; o melhor horário é por volta das 20h
- O cometa aparece na região da constelação do Cocheiro (Auriga), próximo à estrela Capela
- Ele está se movendo para cima, em direção à constelação de Touro e ao planeta Marte, do qual se aproxima no dia 10
- Procure uma uma estrela borrada, uma manchinha no céu (não dá para ver a cauda a olho nu)
- Recomendamos o uso de binóculos
A olho nu, ele só consegue ser visto se as condições do céu forem bastante favoráveis (sem poluição luminosa ou nuvens). “Para observar o cometa, o mais sensato é usar binóculos, que facilitarão a observação desse visitante ilustre. Além disso, é importante destacar que não é uma tarefa tão fácil achar um cometa no céu”, recomenda o astrônomo Filipe Monteiro, do Observatório Nacional.
“Por isso, além de instrumentos (binóculos, telescópios, câmeras fotográficas), é interessante que as pessoas procurem um lugar distante dos centros urbanos, fugindo assim da poluição luminosa.” Seu brilho está no limite do que o olho humano consegue enxergar.
Quem tiver uma câmera profissional, ou mesmo um celular com regulagens, pode apontá-la para a direção estimada, dar um zoom, e programar uma longa exposição (20 ou 30 segundos devem ser suficientes), para tentar registrar o brilho esverdeado do cometa.
“Ao visualizar as imagens, possivelmente você irá notar um objeto difuso e com cauda. Usando essa técnica, muitos estão conseguindo fotografar o cometa mesmo que não o veja no céu”, conclui Monteiro.
Por que é verde?
Nas imagens registradas por telescópios, chama a atenção seu brilho verde e a cauda longa e azulada.
Um cometa só “acende” assim quando se aproxima do Sol (longe dele, é apenas uma bola de gelo sujo, com pedaços de rochas), e substâncias de seu núcleo passam diretamente do estado sólido para o gasoso, liberando gases e poeira, que criam uma nuvem ao seu redor — chamada de coma ou ‘cabeleira’.
A do C/2022 E3 (ZTF) é bem esverdeada, devido à sua composição diferente dos cometas esbranquiçados. A cor se deve à presença de carbono diatômico.
Quanto mais perto do Sol, estas partículas espalham-se por milhares de quilômetros, “sopradas” pelos ventos solares. Aí se forma a cauda — que desaparece quando o cometa distancia-se da nossa estrela. A do C/2022 E3 (ZTF) é azulada e tem aparência tripla.
Mas estes detalhes são vistos apenas com auxílio de telescópios e câmeras profissionais (astrofotografias).
O cometa
O C/2022 E3 (ZTF) é um pequeno corpo rochoso e gelado, de apenas 1 km de diâmetro, vindo das profundezas do Sistema Solar. Ele passou perto da Terra pela última vez há 50 mil anos, no final da Era do Gelo; as testemunhas foram nossos antepassados neandertais e os primeiros Homo sapiens.
O objeto errante foi descoberto em março de 2022, por um telescópio do Zwicky Transient Facility (ZTF — por isso seu nome), na Califórnia, Estados Unidos. Inicialmente, se acreditou tratar-se de um asteroide. Mas o aumento de seu brilho, ao ultrapassar a órbita de Júpiter, revelou que o C/2022 E3 (ZTF) tinha origem cometária.
Na quarta, ele passou “apenas” 42 milhões de quilômetros da Terra — o ponto mais próximo de nosso planeta, chamado perigeu.
Créditos: Tilt/UOL.