Ação foi realizada na tarde desta última sexta-feira
Agentes da Receita Federal apreenderam na tarde desta sexta-feira 33 encomendas postais nos correios do Rio. Segundo a Receita, 23 dos pacotes levavam drogas sintéticas como MDMA, Ecstasy, NBOMe além de Skunk. Outros dez pacotes apreendidos carregavam anabolizantes importados. Todo o material apreendido totaliza cerca de R$ 500 mil. Além das drogas, os agentes apreenderam também pistolas importados ilegalmente. A operação foi mais uma das ações da força-tarefa formada entre agentes da Receita e da Polícia Civil para identificar envio de drogas por remessas postais. O material foi encontrado em encomendas no Centro de Distribuição dos Correios no Rio de Janeiro.
De acordo com a Receita Federal, o valor total ainda é uma estimativa, já que, devido à abundância de material apreendido, a quantificação e a segregação das drogas e dos anabolizantes ainda está em andamento.
O trabalho foi realizado pela Divisão de Vigilância e Repressão ao Contrabando e Descaminho da Receita Federal. As drogas serão entregues às autoridades policiais para investigação das circunstâncias do crime.
Entre 30 de novembro e 15 de dezembro, em apenas quatro ações de rastreamento de pacotes, foram apreendidos mais de 50 quilos de entorpecentes escondidos em encomendas. O prejuízo causado ao tráfico, na época, já era avaliado em cerca de R$ 5,8 milhões
Atualmente, o mapeamento dos remetentes das encomendas com drogas permitiu à Polícia Civil e à Receita identificarem pelo menos 12 traficantes cariocas.
— Um dos casos chamou a atenção dos agentes porque a mesma pessoa, além de enviar encomendas com drogas como cocaína, incluindo uma com três tabletes, quantidade considerada grande para essa modalidade de apreensão, enviou também pacotes com quantidades significativas de drogas sintéticas. Esse caso mostra que o mesmo traficante está enviando diferentes tipos de droga, ou seja, quem atua em uma área do tráfico também está comercializando nas demais — explica o auditor fiscal Ewerson Augusto da Rocha Chada, chefe da Divisão de Repressão ao Contrabando e Descaminho da Receita no Rio.
Tráfico ‘elitizado’
O delegado Marcus Vinicius Amim, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), especializada da Polícia Civil que acompanha as ações da Receita nos Correios, afirma que, no Rio, a região que mais recebe drogas pelo sistema postal é a Zona Sul. Ainda de acordo com ele, o perfil de traficante que utiliza o método também chama a atenção: pessoas com conhecimento e especialização na confecção de drogas sintéticas em bairros das zonas Sul e Oeste, como Recreio e Barra da Tijuca.
— É um caso interessante, porque a gente pode observar que é uma modalidade de tráfico que nada tem a ver com o tráfico de drogas em comunidades. É um tráfico elitizado e que, muitas vezes, tem o envolvimento de pessoas com conhecimentos específicos em áreas como a engenharia química, para a produção da droga sintética. Não é o tráfico já conhecido feito em comunidades carentes, que se concentra majoritariamente em drogas como cocaína, maconha e crack — afirma Amim.
Em nota, os Correios informam que “trabalham em parceria com os órgãos de segurança pública e fiscalização para prevenir o tráfego de itens proibidos por meio do serviço postal”. A empresa também explica que seus empregados “atuam de forma diligente visando a identificar postagens em desacordo com a legislação”. E que, “quando constatada a presença de conteúdo suspeito em seu interior, o objeto é encaminhado à autoridade competente para avaliação especializada”. Ainda segundo os Correios, “muitas das operações de repressão a ilícitos começam por meio do processo de fiscalização não invasiva (raio X)”.