Imagens inéditas do circuito de câmeras de segurança do Congresso mostram o ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal Fábio Augusto Vieira atuando para conter os manifestantes que tentavam invadir e depredar o prédio no último dia 8 de janeiro.
Vieira está preso, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), desde o dia 10 de janeiro por suposta omissão em relação ao episódio. Ele já havia sido afastado do cargo pelo interventor na segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli.
Nas imagens do Congresso, obtidas pela Folha, Vieira está vestido com o uniforme da PM e um colete amarelo.
Às 14h43 do domingo, ele aparece na área externa do Congresso, próximo à chapelaria, correndo atrás de um grupo de seis manifestantes. Ele estava acompanhado de três agentes da PM.
Ele desaparece das imagens e, um minuto depois, volta acompanhado só de um policial andando na direção oposta —é possível ver ao fundo outros manifestantes correndo.
Dois minutos depois, as imagens mostram que há confronto corporal entre um grande número de manifestantes e PMs.
Os manifestantes, que estavam em maior número, aparecem arremessando cones de trânsito contra os agentes e os vidros da fachada do prédio, enquanto os PMs tentam conter a entrada deles no local. Um dos golpistas é visto no vídeo carregando um gradil.
Na sequência, às 14h49, é possível identificar Vieira no corpo a corpo com os manifestantes. Ele aparece conversando e gesticulando com os golpistas para guiá-los para longe do prédio.
O ex-comandante da PM do DF teve parte de sua atuação descrita em relatório elaborado pelo interventor Ricardo Cappelli, divulgado nesta semana.
No texto, Cappelli afirma que a PM do DF não elaborou um plano operacional para conter os golpistas.
O responsável por fazer o planejamento era o coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, ex-chefe do Departamento Operacional da PMDF. Ele estava de folga no dia dos atos.
O interventor diz no relatório que Vieira atuou diretamente durante os atos, fazendo ligações e solicitando reforço no policiamento —mas que ele “perdeu a capacidade de liderar seus comandados diretos”.
“Embora estivesse operando pessoalmente no campo, as evidências indicam que o coronel perdeu a capacidade de liderar seus comandados diretos, uma vez que suas solicitações por reforço não foram consideradas nem atendidas prontamente”, diz Capelli.
O relatório indica ainda que o PM foi um dos “feridos no combate direto” aos ataques na sede do Supremo.
“Foi possível constatar que o Comandante Geral da Polícia Militar do Distrito Federal esteve em campo atuando operacionalmente (…), o qual inclusive figurou entre os policiais militares feridos no combate direto aos ataques ao Supremo Tribunal Federal.”
FOLHA